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Repórter News - reporternews.com.br
Internacional
Segunda - 27 de Fevereiro de 2006 às 10:55

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A Polícia filipina apresentou hoje acusações de rebelião contra 16 pessoas, entre eles militares direitistas e opositores de esquerda, por conspirar para tomar o poder na semana passada.

As acusações acontecem durante o estado de emergência nacional declarado pela presidente filipina, Gloria Macapagal Arroyo, na sexta-feira, após anunciar que um golpe de Estado tinha sido evitado.

O diretor da equipe legal do Serviço de Investigação Criminal da Polícia, Virgilio Pablico, disse à imprensa em Manila que "os movimentos de esquerda e de direita conspiraram para derrubar o Governo constitucional".

O Governo filipino mantém desde sexta-feira a versão de que militares de direita descontentes se uniram a opositores de extrema esquerda e à guerrilha comunista Novo Exército do Povo (NEP) a fim de destituir a presidente Arroyo, que desde o ano passado é acusada de corrupção e fraude eleitoral, e pressionada para que renuncie.

Dos 16 acusados, dois já estão detidos: o deputado Crispín Beltrán do partido de esquerda Anakpawis, preso junto com sua mulher no sábado, e o tenente Lawrence San Juan, membro do grupo de 300 militares que se insurgiram contra Macapagal Arroyo em julho de 2003.

A lista inclui, entre outros, José María Sison, presidente do Partido Comunista Filipino (PCF) e exilado na Holanda, e o ex-senador Gregorio "Gringo" Honasan, que participou de várias tentativas golpistas durante a Presidência de Corazón Aquino (1986-92).

Também foram acusados os deputados e líderes do Partido Bayan Muna (O Povo Primeiro) Satur Ocampo e Teddy Casiño, que no sábado conseguiram escapar quando iam ser detidos.

Casiño, em conversa telefônica com a EFE, disse que se encontra no Congresso reunido com o presidente da Câmara, José de Venecia, para "tentar acertar a situação", pois, segundo ele, se sair será detido.

O deputado qualificou de "loucura que supera todos os limites da imaginação" a versão oficial de que existe uma conspiração entre a direita e a esquerda para derrubar a presidente.

"As acusações não são sérias, nem eles mesmos as consideram sérias. Isto é um caso de perseguição, a única coisa que pretendem é calar o Bayan Muna e outros representantes de esquerda na Câmara", afirmou Casiño, que lembrou que desde a chegada de Arroyo ao poder, em 2001, cerca de 80 militantes de seu partido foram assassinados.

Dezenas de manifestantes de esquerda chegaram até o Congresso para protestar contra a detenção de Beltrán e as tentativas de prender outros legisladores esquerdistas, mas a Polícia impediu a manifestação.

Na lista de pessoas que serão acusadas de participar da suposta conspiração não se encontram nem o general-de-brigada Danilo Lim nem o coronel Ariel Querubim, os dois militares que, segundo a versão oficial, na semana passada tentaram mobilizar seus homens para dar um golpe de Estado.

Ambos foram suspensos na madrugada de sexta-feira, quando o golpe foi neutralizado, mas o segundo protagonizou ontem uma nova crise, ao protestar durante seis horas com centenas de seus homens no Forte Bonifacio, quartel-general das Forças Armadas, contra a destituição de seu antigo comandante, o general Renato Miranda.

Após horas de negociações, a crise terminou na noite de domingo com o restabelecimento da cadeia de comando e a aceitação por parte dos fuzileiros de seu novo comandante.

Em meio à tensão, o Governo anunciou a suspensão das aulas hoje em todos os níveis, em uma tentativa de evitar manifestações estudantis de protesto contra a lei de emergência.

O diretor da Polícia Nacional, Arturo Lomibao, disse hoje que "a liberdade de imprensa tem um limite, e este é o da lei", para justificar o controle policial imposto a um jornal opositor de Manila e a advertência de que serão fechados os jornais que incitarem à rebelião.





Fonte: EFE

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