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Polícia Brasil
Segunda - 27 de Fevereiro de 2006 às 06:44
Por: Adilson Rosa

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A Justiça determinou o arquivamento do inquérito que investiga o desaparecimento de 11 pessoas numa propriedade rural na região do Pedra 90, em Cuiabá. O caso, conhecido como “Crime da Fazenda Velha”, ocorreu em setembro de 1993 e até hoje é cercado de mistério – as investigações nunca chegaram a suspeito algum, o que o torna um crime quase perfeito.

Em seu despacho, a juíza da 15ª Vara Criminal Marcemila Mello Reis esclarece que o arquivamento ocorreu após parecer do Ministério Público Estadual (MPE).

Em quase 13 anos de investigação, a Polícia Civil sequer localizou os corpos das vítimas, que teriam sido seqüestradas e executadas em outro local, jamais descoberto. As intensas buscas pelos corpos se mostraram infrutíferas.

Morreram o acusado de roubar carretas Antônio Carlos de Souza, o “Dezinho”, sua esposa Maria de Lurdes Berino, José Maria Pereira, Edson Marques da Silva, Joenil Souza dos Santos, Mário Silvério de Almeida, Pedro Gonçalves de Oliveira, João Moacir Alves, Luciana Alves, Antônio Carvalho Oliveira e Osvaldo da Silva.

Em todo este tempo, os trabalhos para se chegar aos criminosos se arrastaram sem avanço algum. O último pedido de investigação ocorreu há cinco anos. Em maio de 2001, a promotora da 8a Vara Criminal de Cuiabá Julieta Nascimento solicitou exame de DNA em duas ossadas localizadas na região do Coxipó.

O exame seria confrontado com material coletado de duas crianças sobreviventes que apareceram no dia seguinte ao crime, no Jardim Shangrilá. O menino é filho de Dezinho e a menina, de João Moacir e Luciana. O exame não foi realizado por dois motivos: primeiro a dificuldade em se localizar as crianças, que foram entregues para os avós. E o segundo, na época o Instituto de Medicina Legal (IML) não tinha como bancar o exame. O custo era de R$ 7 mil. Hoje um convênio com a Universidade Federal de Alagoas resolveria o problema, pois são realizadas dezenas desse tipo de exame por ano.

Diante da situação, as investigações emperraram e ficou no trajeto entre a Delegacia e Repressão a Roubos e Furtos de Veículos (Derrfva) e o Fórum Criminal. Na semana passada, ao manusear o inquérito a delegada Vera Rotilde descobriu que o processo tinha sido arquivado. “Estava em férias e, ao checar os inquéritos para cumprimento de prazo, deparei com o despacho da juíza”, informou. O inquérito tem mais de 1,3 mil páginas.

O delegado Antônio Carlos Garcia, que iniciou as investigações há quase 13 anos, nunca chegou a suspeito algum. Por telefone, de Novo São Joaquim, na região do Araguaia, explicou que não sobrou ninguém para contar como foi. “Ninguém falou nada. Vamos indiciar quem?”, questionou.

Na época, o delegado entrou em contato com policiais de todo o Estado e com a Polínter (Polícia Interestadual) em busca de informações dos desaparecidos.

Havia a expectativa que a localização de alguma ossada próximo de Cuiabá fosse das vítimas, mas jamais obteve êxito. “Nenhuma pista das vítimas”.

O único depoimento que consta no processo é de um morador próximo da fazenda. Segundo ele, na noite do dia 15 de setembro, escutou gritos vindo da propriedade rural.

Como não se localizou corpo algum nas imediações, a polícia suspeita que todos eles tenham sido levados em algum veículo e assassinados em outro local.

A chacina da Fazenda Velha está tipificada como latrocínio (roubo seguido de morte) e prescreve em 20 anos. Caso nenhuma novidade surja até 2013, será definitivamente esquecido, pois, mesmo que as investigações sejam reabertas, ninguém mais poderá ser punido.





Fonte: Diário de Cuiabá

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