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Nacional
Domingo - 26 de Fevereiro de 2006 às 10:30

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Tucano que é tucano não fala que é tucano. A corruptela da máxima do sambista Bezerra da Silva (1927-2005) não sintetiza a postura da maioria dos partidários do PSDB, mas resumiu bem a do presidente da escola de samba Leandro de Itaquera neste domingo, pouco depois de render homenagem a três líderes do partido em carro alegórico.

Candidato a vereador pelo PSDB nas últimas eleições e fundador da escola, Leandro Alves Martins negou fazer campanha eleitoral ou partidarizar o desfile das escolas de samba de São Paulo apesar de ter passado pelo sambódromo com bonecos do falecido ex-governador do Estado Mário Covas, do sucessor dele, Geraldo Alckmin, e do prefeito José Serra, precedidos por um grande tucano mecânico.

"O nosso enredo é sobre o Rio Tietê. Covas e Alckmin fizeram diferença nisso, não tem como não falar deles. Já o Serra está no carro porque essa é a alegoria também da maior festa de São Paulo junto do Carnaval, que é a parada gay. E isso é a Prefeitura que organiza", afirmou o dirigente a jornalistas após a passagem da Leandro de Itaquera. "A verdade é que o samba não tem partido. Eu só estou preocupado com o nosso enredo, não tem nada a ver com o PSDB".

Os homenageados Alckmin e Serra, que não voltaram ao Anhembi para acompanhar o segundo dia de desfiles, se mostraram mais prudentes do que Leandro, confirmou o próprio dirigente da escola de samba.

Os dois grão-tucanos, que travam disputa de bastidores pela candidatura à Presidência, pediram ao sambista que retirasse os bonecos do carro alegórico, o mesmo que solicitaram à Justiça alguns vereadores petistas na quinta-feira. De acordo com o dirigente, a alteração era inviável por questão de tempo.

Polêmica com bonecos e bonecas

No carro A Maior Festa do Estado de São Paulo não estavam representados apenas os políticos do PSDB e o seu mascote, mas também alguns travestis que desfilavam para lembrar a parada gay da cidade.

"Não entendi a razão para ter só gays no carro de Mário Covas, Geraldo Alckmin e José Serra. Eles estão querendo sugerir algo que eu não sei?", disse em tom de brincadeira o engenheiro Carlos Fortes, 31. "Acho um pouco inoportuno fazer isso em ano eleitoral. A própria escola perde porque fica sem ter aonde correr se o candidato dela perder", acrescentou.

Para o eletricista Jean Cláudio Martes, 43, não há nada de errado no desejo da Leandro de Itaquera de exibir os líderes tucanos. "O PT tinha uma escola próxima no Grupo de Acesso há um tempo e ninguém reclamou. Não vejo porque reclamar agora. Ninguém é mais do que ninguém".

Apesar de Leandro negar o vínculo da escola com o PSDB, "a escola é apartidária", a Parada do Orgulho GLBT (gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros), representada no carro em questão, decidiu na sexta-feira que não participaria do desfile da escola por "razões político-partidárias".

"Fazemos política de Direitos Humanos, mas somos suprapartidários", escreveu o diretor da Parada do Orgulho GLBT, Nelson Matias Pereira. "Nesse sentido, fomos, com muita tristeza, obrigados a cancelar nossa participação na escola".




Fonte: Terra

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