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Cidades/Geral
Sábado - 25 de Fevereiro de 2006 às 07:44
Por: Joanice de Deus

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Um confronto entre dezenas de estudantes, integrantes do Comitê de Luta pelo Transporte Público (CLTP) e policiais militares terminou com duas pessoas presas e algumas feridas ontem, durante a posse do novo secretário municipal de Trânsito e Transporte Urbano (SMTU), Oscar Soares Martins, que substitui Emanuel Pinheiro.

Pelo menos 30 policiais militares - metade do pelotão de choque da Ronda Ostensiva Tático Metropolitana (Rotam) - cercavam as portas de entrada da SMTU e da Agência Municipal de Habitação, onde acontecia a posse de Oscar Martins, feita pelo prefeito Wilson Santos, na presença de várias autoridades, entre elas o senador Antero Paes de Barros e o ex-governador Dante de Oliveira.

A confusão começou quando os manifestantes tentaram entrar no prédio para protestar contra o possível aumento da tarifa e cobrar melhorias no transporte coletivo. Os policiais que tentavam controlar a situação e impedir a entrada dos manifestantes acabaram perdendo o controle da situação quando parte do grupo conseguiu adentrar a garagem que dá acesso ao gabinete do secretário da SMTU e também ao auditório da Agência de Habitação.

Mas os estudantes conseguiram chegar apenas até uma rampa de acesso ao interior do prédio. Uma barreira de policiais militares, fortemente armados com “tecnologia menos letal”, segundo o capitão Agilson Azize, impediu que eles chegassem até o local da posse.

Por alguns minutos, chegou-se a negociar a entrada de uma comissão dos manifestantes. Mas todos queriam entrar. Logo depois, os policiais conseguiram retirar os integrantes do CLTP da garagem. Segundo os estudantes, os policiais começaram a jogar spray antes que todos saíssem do estacionamento. “Eles (policiais) seguraram o portão para não permitir a saída e começaram a jogar spray”, afirmou uma das estudantes. O dispositivo continha gás com pimenta.

Neste momento um estudante de 17 anos foi algemado e colocado em uma viatura da Rotam. O grupo ainda tentou impedir a saída, ficando em frente do veículo, que avançou sobre os manifestantes. Foi usado mais spray para dispersá-los.

Logo depois, a professora Andressa Moraes, que chegava no local, também foi detida. Os policiais chegaram a dar-lhe uma rasteira e jogar-lhe ao chão. Acusada de depredar uma viatura, ela foi indiciada por crime contra o patrimônio público. Ela teve que pagar fiança de R$ 300 para ser liberada.

Por vários minutos, o estudante Lauro Figueiredo, 25 anos, ficou sem conseguir abrir os olhos. Segundo Gibran Lachowski, integrante do CLTP, o estudante Maurício Ferreira também foi encaminhado para o Pronto-Socorro por causa do spray. Os estudantes tiveram que pegar água nas casas vizinhas para lavar os olhos.

Os manifestantes também acusaram os PMs de agressão. “Bateram e jogaram a viatura contra a gente. Se eles estão apenas querendo manter a ordem, não precisavam bater”, disse um dos adolescentes. A estudante Graciele Meire, 20 anos, mostrava os arranhões que sofreu no braço direito. “Jogaram spray no meu rosto e me arranharam. Só estamos lutando pelos nossos direitos”.

Segundo o capitão Agilson Azize, a prisão do adolescente e da professora ocorreu devido à quebra de vidros de viaturas e por terem amassado um carro de um funcionário da SMTU.

Para o capitão, os policiais tecnicamente não perderam o controle da situação. “Estavam protegendo o patrimônio público, pois vários manifestantes praticaram depredação”, afirmou.

Após a prisão, os manifestante bloquearam a rua em frente à SMTU, na 13 de Junho, e prometiam deixar o local apenas quando as duas pessoas detidas fossem libertadas. O adolescente foi encaminhado para a Delegacia Especializada da Criança e Adolescente e a professora para a Metropolitana.





Fonte: Diário de Cuiabá

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