Venezuela restringirá vôos de empresas dos EUA

A Venezuela cancelará parte dos vôos operados por empresas norte-americanas como a Delta Air Lines, a Continental Airlines e a American Airlines, em mais um capítulo da crescente rivalidade entre os dois países.

A restrição, que afeta o transporte de cargas e passageiros, é uma retaliação à decisão norte-americana de manter limites às empresas venezuelanas nos EUA, uma restrição imposta em 1995 por dúvidas sobre sua segurança, segundo o órgão venezuelano da aviação civil Inac.

As relações entre os governos de Hugo Chávez e George W. Bush se agravaram neste mês, quando a Venezuela expulsou um adido militar acusado de espionagem, e Washington retaliou mandando embora uma diplomata venezuelana.

O Inac não disse quais empresas serão atingidas, mas Roberto Pulido, presidente da associação local de empresas aéreas, disse que a medida, em vigor a partir de 1 de março, afetará a Delta, a American e a Continental.

"O Inac esgotou todas as avenidas conciliatórias com as autoridades aéreas dos EUA, e não conseguiu restabelecer os direitos que o acordo bilateral dá às empresas aéreas venezuelanas", disse a agência.

Washington anunciou na sexta-feira que pode adotar novas retaliações caso Caracas mantenha sua decisão.

"Estamos trabalhando para resolver esta grave disputa e, se a Venezuela cumprir os planos que anunciou, vamos considerar as opções para uma resposta adequada", disse o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA Eric Watnik.

Segundo ele, a Venezuela não consultou os EUA sobre a suspensão dos vôos, o que violaria um acordo bilateral de 1953.

Pulido disse que representantes das empresas norte-americanas se reunirão ainda na sexta-feira com as autoridades em Caracas.

"Estamos muito frustrados por esta ação unilateral por parte do governo venezuelano e estamos trabalhando estreitamente com os Departamentos de Estado e de Transportes dos EUA, assim como com nossas co-irmãs, que receberam um aviso similar", disse John Kennedy, porta-voz da Delta.

Em nota, a Continental disse que manterá seu vôo diário Houston-Caracas e o semanal Caracas-Newark enquanto esclarece a situação.

Em 1995, a Autoridade Federal de Aviação dos EUA disse que as autoridades venezuelanas não haviam atendido completamente aos padrões previstos pela Organização Internacional de Aviação Civil e, por isso, colocou as empresas do país na categoria 2, o que restringe suas operações em território norte-americano.

A Venezuela chegou a cancelar os vôos diretos para os EUA em 1996, quando Washington ameaçava rebaixar ainda mais a aviação venezuelana, proibindo totalmente sua operação nos EUA.

(Reportagem adicional de Magdalena Morales em Caracas e Jeremy Pelofsky e Sue Pleming em Washington)