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Economia
Sexta - 24 de Fevereiro de 2006 às 09:19

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O governo e os consumidores podem se preparar para novas e más notícias no setor de combustíveis. Os preços do álcool voltaram a subir nas usinas e a pesquisa de hoje do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) pode mostrar preços médios de R$ 1,15 por litro.

Esse valor supera o R$ 1,072 da semana passada e fica bem acima do R$ 1,05 do acordo feito em janeiro, cujo rompimento foi oficialmente admitido pelas usinas nesta semana.

A pesquisa de preços do álcool nas usinas é feita semanalmente pelo Cepea, órgão da Esalq/USP. As estimativas desta semana, no entanto, foram fornecidas por participantes do mercado, que apontam negociações de até R$ 1,40 por litro, incluídos os impostos --correspondente a R$ 1,18 sem impostos.

Se essa alta de preços é ruim para os consumidores, é comemorada pelos fornecedores de cana-de-açúcar às usinas. A alta de preços na semana mostra que realmente não era possível às usinas segurar os valores de comercialização em R$ 1,05, devido às crescentes demandas interna e externa.

Os preços vão continuar subindo até a entrada da safra e a normalização da oferta. As medidas até agora adotadas pelo governo terão pouco efeito sobre os preços a curto prazo.

A redução do percentual de mistura do álcool à gasolina --de 25% para 20%-- economiza 100 milhões de litros, mas o consumo está aquecido --gira entre 1,1 bilhão e 1,3 bilhão de litros por mês.

O volume economizado com a redução da mistura interna fica abaixo do já acertado pelas usinas para exportação, que tem crescimento constante. Essa demanda externa puxa os preços internos, pressionados ainda mais pelas distribuidoras, que disputam o baixo estoque de álcool neste período de entressafra.

A demanda externa, em um período de safra abundante, não teria tanto efeito sobre os preços internos. Neste período de entressafra, no entanto, os importadores chegam a pagar US$ 560 por metro cúbico do combustível --100% mais do que os US$ 280 de agosto passado.

Já a redução do Imposto de Importação também não terá efeito na oferta interna, uma vez que há escassez do produto no mercado externo e o preço é maior.

Mesmo com a entrada da safra, a redução dos preços nas usinas deve ser mais lenta neste ano do que nos anteriores, quando as cotações despencaram em maio.

Essa desaceleração dos preços será em ritmo menor, principalmente se a demanda externa continuar forte. O Brasil está exportando 2,4 bilhões de litros por ano --sete vezes mais que os 300 milhões de há três anos.

A recomposição de estoques e a liquidez melhor de parte dos usineiros, após essa alta recente, também devem diminuir a oferta de álcool logo no início da safra.





Fonte: Folha de S.Paulo

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