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Polícia Brasil
Sexta - 24 de Fevereiro de 2006 às 06:45
Por: Adilson Rosa

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Os soldados Maçoni Barroso Rodrigues, de 27 anos, e Alvino Souza Alencar Júnior, de 23, confirmaram em depoimento a um inquérito da PM que o suposto tiroteio que resultou na morte do vendedor Jaciel Monteiro Lopes, de 19, foi uma montagem. A intenção era encobrir os sinais da execução sumária do rapaz.

Os dois soldados revelaram que o cabo Rodolfo Santa Filho, o “Cona”, atirou duas vezes de escopeta calibre 12 da própria PM, executando o vendedor. O crime aconteceu no domingo à noite numa estrada do Aricá, na região do Pedra 90. Jaciel morreu na viatura da PM. Na terça-feira, em depoimento à Polícia Civil, os dois soldados tinham negado que o cabo houvesse matado rapaz.

Conforme os dois soldados, Jaciel foi detido num bar do Jardim Fortaleza, onde os três militares fizeram abordagem nos freqüentadores. Instantes depois de sair do banheiro, Jaciel foi abordado e colocado na viatura. O vendedor começou a gritar, alegando ser inocente.

De acordo com o depoimento, o cabo determinou que a viatura seguisse em direção à Companhia do São João Del Rey, mas logo em seguida mandou que seguissem para a estrada do Aricá. No trajeto, ligou para a Companhia informando que o rapaz tinha confessado um assassinato e que iriam até uma chácara buscar a arma usada no crime.

O cabo PM teria então mandado que o soldado Alvino parasse próximo de uma ponte. Os três desceram. Cabo Cona, então, teria pegado uma escopeta calibre 12 e atirado na traseira do carro. O disparo atravessou a lataria e atingiu Jaciel no quadril.

Em seguida, conforme os dois soldados, o cabo determinou que um deles retirasse a vítima de dentro da viatura. Em seguida, atirou no tórax a curta distância. “Ai, morri”, teria dito Jaciel, que foi recolocado na viatura. Em seguida, o carro da PM seguiu em direção ao Pronto-Socorro de Cuiabá, mas cerca de 30 metros depois, perceberam que o rapaz tinha caído do carro. Voltaram e o encontraram estendido na estrada.

Durante o trajeto para o PSC, cabo Cona ligou para o Ciosp informando que a equipe sofrera uma emboscada e estava sendo perseguida. Para dar mais veracidade à farsa, atirava com a arma para o alto. Ao cruzar com uma viatura, o cabo pegou um revólver calibre 32 e acertou dois tiros em seu próprio colete.

Cópia de depoimento dos dois foi apresentada ontem de manhã à imprensa pelo comandante geral da Polícia Militar coronel Leovaldo Sales. Segundo ele, diante da confirmação da participação dos militares no assassinato, será pedida a prisão temporária e preventiva deles. Os três estão presos administrativamente no 1o Batalhão da PM, no bairro Porto.

O juiz Pedro Sakamoto decretou a prisão temporária dos policiais envolvidos no assassinato do vendedor e os três serão encaminhados para o Cadeião (de Santo Antônio de Leverger), onde ficarão à disposição da Justiça, segundo informou o coronel Sales. No início da tarde, os dois soldados foram ouvidos novamente na DHPP para retificar o depoimento.





Fonte: Diário de Cuiabá

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