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Internacional
Quinta - 23 de Fevereiro de 2006 às 20:10
Por: Tom Heneghan

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Um importante órgão científico mundial criticou na quinta-feira as políticas mais duras adotadas pelos Estados Unidos na concessão de vistos depois de seu presidente, nascido na Índia, ter dito que não conseguiu permissão para entrar no país devido à acusação de que teria escondido informações relacionadas com armas químicas.

O professor Goverdhan Mehta, 62, um químico orgânico de renome internacional, foi convidado para participar de uma conferência na Universidade da Flórida, mas viu negado seu pedido de visto porque não teria conseguido lembrar de detalhes sobre uma pesquisa da qual participou 40 anos atrás.

O protesto feito pelo Conselho Internacional para a Ciência (ICSU), com base em Paris, apareceu apenas uma semana antes da programada visita do presidente dos EUA, George W. Bush, à Índia. Durante essa visita, um importante assunto científico — a cooperação em atividades atômicas civis — deve ser discutido.

O ICSU e a embaixada norte-americana em Nova Délhi apresentaram versões diferentes sobre a desavença. O órgão diplomático afirmou que não tinha negado o pedido de visto, mas apenas requisitado de Mehta mais informações sobre o trabalho dele a fim de dar continuidade ao processo.

Segundo o conselho científico, seu presidente mostrou provas escritas de que o pedido de visto havia sido negado. O ICSU reclamou que a política mais rigorosa na concessão dos vistos, adotada depois dos ataques de 11 de setembro de 2001, estava afastando cientistas estrangeiros dos EUA.

"O procedimento todo é revoltante", afirmou Carthage Smith, vice-diretor executivo do ICSU, um grupo que reúne 133 academias de ciências nacionais e uniões científicas internacionais. "Ele não vai ficar de joelhos para conseguir um visto."

"O professor Mehta é um cientista bastante conhecido. Mas há muitos outros cientistas menos conhecidos com os quais isso também está acontecendo", afirmou Smith.

Segundo Smith, Mehta havia recebido um "tratamento hostil" no consulado norte-americano em Chennai, sudeste da Índia, quando fez o pedido de visto e foi instado a provar que seu trabalho não poderia ser usado na produção de armas químicas.

Um porta-voz da embaixada dos EUA em Nova Délhi disse que a concessão do visto havia sido adiada: "Requisitamos informações adicionais. O processo pode continuar."

Mehta afirmou ter sido acusado pelo consulado de, ao não conseguir dar detalhes sobre um doutorado realizado 40 anos atrás, esconder informações que poderiam ser usadas na fabricação de armas químicas.

"Fiz meu Ph.D. 40 anos atrás", afirmou o cientista ao jornal Deccan Herald, de Bangalore, onde mora. "Disse-lhes que não me lembrava da tese. A ciência avançou e mudou completamente desde então."

(Com reportagem de Simon Denyer em Nova Délhi)





Fonte: Reuters

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