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Cidades/Geral
Quarta - 22 de Fevereiro de 2006 às 09:19
Por: José Ribamar Trindade

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A Polícia Militar prendeu em flagrante dois assaltantes, que ao mesmo tempo em que choram miséria e garantem que estavam roubando para matar a fome, caem em contradição e falam como se fossem “velhos bandidos”. Um deles confessou: “Comprei o cano - ele quis dizer, o revólver - por trezentos e cincoenta reais”.

O choro dos bandidos não comoveu nenhum dos policiais envolvidos na operação. “Como eles estão passando fome e arrumam dinheiro para comprar uma arma?, questiona um investigador da Polícia Civil de plantão na Delegacia Metropolitana.

Ademir Gomes Duarte, o “Nego”, de 21 anos, e o parceiro dele no roubo, Jonas Barbosa Assis Pereira, 20, com passagens pela Delegacia Especializada de Adolescentes (DEA), foram presos por volta das 16 horas de ontem dentro de uma casa da Rua 9, no bairro Altos da Glória, região da Grande Morada da Serra, em Cuiabá.

Na casa, além da arma usada no assalto, um revólver Taurus calibre 38 de numeração raspada, a PM também apreendeu dinheiro, e os objetos roubados, como cartões telefônicos, pacotes com sacos de pipoca, aparelhos de barbear e pacotes de cigarros. Para surpresa da Polícia, na casa também foram apreendidas uma porção de pólvora e uma caixa de espoleta CBC.

Junto com “Nego” e Jonas a PM também apreendeu um menor de 16 anos que estava na mesma casa, que seria o terceiro bandido que invadiu minutos antes o Supermercado Andrade, localizado na Rua 16 do bairro Três Barras, na mesma região. O menor, no entanto, foi liberado, porque nas investigações a Polícia comprovou que ele não estava envolvido. O terceiro assaltante seria um bandido identificado apenas como “Marcinho”, que conseguiu fugir.

“Nego”, Jonas e “Marcinho” chegaram ao mercado como se fossem clientes, mas logo “Nego” levantou a camisa e retirou um revólver: “Fiquem quietos. Nós só queremos o dinheiro. Se vocês obedecerem nada vai acontecer”, anunciou um dos bandidos, logo em seguida identificado como “Nego”, o que sacou a arma e anunciou o assalto.

Depois da prisão dos dois assaltantes – o terceiro fugiu, mas continua sendo procurado -, eles foram levados antes ao local do assalto onde foram reconhecidos. Pelo menos duas testemunhas compareceram à Central de Flagrantes da Delegacia Metropolitana, onde reafirmaram o reconhecimento pessoal ao delegado Wylton Massao Ohara.

CHORO BANDIDO

Ademir Gomes, o “Nego”, não se fez de rogado ao confessar sua participação direta no assalto, inclusive como dono da arma. Mesmo sendo réu-confesso, “Nego” alega que resolveu praticar o assalto porque está desempregado. Porque ninguém lhe dá nenhuma chance e para levantar dinheiro para comparar comida e pagar dois sacolões que ele deve para o dono de um mercadinho.

“Estou desempregado e não consigo arrumar emprego. Ninguém me dá uma chance. Estou devendo e por isso resolvi fazer um assalto para levantar dinheiro para comprar comida e pagar as minhas dívidas. Só que, eu não sou ladrão não. “Nunca meti uma parada de roubo. Nunca fui ladrão e nunca fui preso”, afirma. Logo em seguida, sempre falando na gíria como falam os veteranos assaltantes, “Nego” cai em contradição: “Comprei esse revólver por R$ 350.00”, no pau – ele quis dizer, a vista.

Jonas Barbosa, o comparsa de “Nego” foi ainda mais dramático ao contar em seu depoimento que não suportava mais ver seus parentes, principalmente as crianças chorando com fome.

“Aceitei participar do assalto para levantar dinheiro para comprar comida e leite, principalmente para as crianças que vivem chorando como fome. É triste a gente isso”. No final de seu depoimento, no entanto, o próprio Jonas confessa que não era a primeira vez que se envolvia em assalto. Quando era menor ele foi preso pela DEA por crime de roubo.





Fonte: 24HorasNews

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