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Repórter News - reporternews.com.br
Internacional
Terça - 21 de Fevereiro de 2006 às 20:00

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O escândalo que começou com a divulgação de relatórios sobre torturas em soldados iniciantes custou o cargo do comandante do Exército colombiano, além de ter causado a renúncia de um militar de alta patente, em solidariedade ao primeiro.

O afastamento do general Reynaldo Castellanos como chefe dessa força foi decidida ontem à noite na Casa de Nariño, a sede do Executivo em Bogotá, durante uma reunião do presidente Álvaro Uribe com o ministro da Defesa, Camilo Ospina, e a hierarquia militar.

Uribe liderou esse encontro horas depois de ficar clara sua insatisfação por não ter sido informado logo sobre o caso dos soldados, que considerou doloroso e grave.

O incidente aconteceu em 25 de janeiro e foi denunciado na mais recente edição da revista "Semana", com testemunhos de recrutas e fotos dos treinamentos abusivos e as seqüelas das torturas.

As vítimas são 21 soldados de uma companhia do Batalhão Patriotas que tinham entrado no Centro de Instrução e Treinamento (CIE) do Exército para o combate a grupos guerrilheiros.

Mas o fracasso desse grupo em uma atividade que consistia em prender supostos rebeldes levou seus instrutores a punir os recrutas com socos, queimaduras com brasas e ferros para marcar gado, mergulhos forçados em um rio e, inclusive, ameaças de violência sexual.

As primeiras responsabilidades pelo incidente recaíram sobre dois oficiais, dois suboficiais e um soldado, que foram afastados de seus cargos para que ficassem à disposição da Justiça Penal Militar, que já convocou os militares.

As medidas tomadas foram consideradas por Uribe como "decisões duras" que seriam seguidas por "outras".

A mudança no comando do Exército foi anunciada hoje pelo Serviço de Notícias do Estado (SNE), através de um breve comunicado informando a designação do general Mario Montoya, chefe do Comando Conjunto do Caribe, no lugar de Castelhanos.

"É um momento difícil para meu Exército", admitiu Montoya, mas declarou à imprensa que a posição que assumirá é de imensa responsabilidade.

O general acredita que vai fazer um bom trabalho no comando do Exército, e disse que isso será possível com a ajuda de 200 mil soldados e "com a colaboração dos 45 milhões de colombianos".

O oficial disse que foi informado da designação no início do dia pelo ministro da Defesa, que pediu que ele viajasse o mais rápido possível à capital colombiana.

Enquanto isso, o general substituído disse em Bogotá que respeita a autoridade do presidente, e que acata sua decisão.

"Como soldado, sempre estarei de cabeça erguida", afirmou o agora ex-comandante do Exército. O oficial disse que aceita a ordem presidencial "como conseqüência do que aconteceu (...) e assumi essa conseqüência".

"Isso, logicamente, dói (...), é um custo grande", prosseguiu Castellanos, cuja postura contrastou com a do comandante da Quarta Divisão do Exército, o general Luis Antonio Coronado, que discordou da decisão de Uribe, por considerá-la injusta.

De sua base na cidade central de Villavicencio, Coronado anunciou sua renúncia ao Exército "por esse motivo, e por lealdade ao general Castellanos".

No entanto, Coronado disse que o caso dos soldados submetidos a humilhações era "inconcebível", algo que Castellanos já tinha qualificado como "vergonhoso".





Fonte: EFE

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