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Internacional
Terça - 21 de Fevereiro de 2006 às 18:25
Por: Nelson Bocanegra

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O comandante do Exército colombiano, general Reynaldo Castellanos, pediu demissão do cargo devido a um escândalo envolvendo torturas e abusos sexuais sofridos por 21 soldados em um campo de treinamento, disse a Presidência da Colômbia na terça-feira.

Analistas políticos não acreditam que o escândalo atrapalhe a campanha do presidente Alvaro Uribe à reeleição, no pleito de maio. Para eles, o caso pode até ser favorável à imagem do presidente.

"Acho que isso lhe dá mais popularidade, porque mostra um caráter decisivo, quer dizer, uma pessoa que é capaz de decidir e que está indignada com as torturas", disse à Reuters o advogado e ex-vice-presidente Humberto de la Calle.

A renúncia de Castellanos ocorreu um dia depois de Uribe ter criticado os comandantes militares por não terem informado antes sobre as torturas aos soldados.

Uribe, que goza de uma aceitação de 72 por cento, nomeou para o cargo o general Mario Montoya, que era comandante do Comando Conjunto do Caribe.

Embora o fato tenha acontecido no dia 25 de janeiro, Castellanos só confirmou as torturas no domingo, quando elas foram reveladas por uma revista local.

Os militares foram amarrados e tiveram os olhos vendados. Foram submetidos a queimaduras, golpes e abusos sexuais por não terem sido aprovados no treinamento de combate antiguerrilha.

Este é o primeiro escândalo envolvendo tortura desde que Uribe assumiu o poder, em agosto de 2002, mas em ocasiões anteriores já houve acusações semelhantes no Exército, até com a morte de alguns soldados.

Uribe disse que ficou sabendo do caso na semana passada, quando estava nos Estados Unidos, promovendo negociações para um acordo de livre comércio com a potência.

"Deploro o fato de que um caso dessa natureza ocorra em nosso Exército, num momento crucial da história da segurança na Colômbia. É muito grave", disse ele.

Uribe costuma demitir ou pedir a renúncia de comandantes quando há escândalos ou erros, o que é visto com bons olhos por seus partidários.

"Alguém tem de pagar", disse à Reuters Francisco Leal, analista político da Universidade dos Andes, acrescentando ser "uma pena, porque Castellanos é um líder militar muito capaz."

O novo comandante do Exército lamentou as torturas e disse que viajará a Bogotá para se reunir com o ministro da Defesa e receber instruções de seus superiores.

"É um momento difícil do meu Exército, mas esse Exército é muito grande. Tenho certeza absoluta de que seguiremos em frente", disse Montoya a jornalistas.

(Reportagem adicional de Hugh Bronstein)





Fonte: Reuters

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