Irã e UE mantêm disposição de negociar mas sem conseguir avanços

A União Européia e o Irã reiteraram hoje sua disposição de buscar uma saída negociada à disputa pelo programa nuclear iraniano, mas sem concretizar avanços nem modificar suas posições, enquanto é aguardada a evolução das conversas que Moscou e Teerã mantêm para enriquecer urânio na Rússia.

A "posição substancial (do Irã) não mudou", disse o alto representante para a Política Externa da UE, Javier Solana, após se reunir com o ministro de Exteriores do Irã, Manouchehr Mottaki, em um encontro em que não houve "propostas novas".

Solana confirmou o apoio da UE à negociação aberta entre Rússia e Irã para articular uma solução que passe por realizar as atividades de enriquecimento de urânio iraniano em território russo, sempre que se mantenham os termos da oferta de Moscou.

"Se esses termos mudarem, seria preciso ver como", advertiu Solana, quem, em outra ordem de assuntos, reivindicou ao Irã que desempenhe "um papel mais construtivo" nos conflitos de sua região, como o palestino-israelense, o iraquiano e o afegão.

Após reunir-se durante mais de uma hora, Mottaki e Solana compareceram separadamente perante os meios de comunicação.

O iraniano, que o fez em primeiro lugar, reiterou a disposição de Teerã de negociar sobre seu programa nuclear, sem especificar se se referia a conversas com a UE3 (França, Alemanha e Reino Unido), à oferta russa ou a outro tipo de processo.

Mas destacou que "deveríamos ver na outra parte algum tipo de compromisso" de modo que se permita a aspiração iraniana de "tornar realidade seu direito à tecnologia nuclear", que segundo ressaltou, não teria uso militar.

"Não há nenhum indício de que as atividades do Irã estejam movimentando-se fora de objetivos pacíficos, as armas nucleares não estão na doutrina de Defesa do Irã", afirmou Mottaki.

Em sua intervenção posterior, Solana, considerou no entanto que segue havendo "dúvidas" sobre o caráter civil ou militar do programa nuclear iraniano.

Nestas circunstâncias, explicou, a UE apóia as negociações entre Teerã e Moscou sempre que não mudarem seus termos.

O Governo russo ofereceu estabelecer uma empresa conjunta que realize as atividades de enriquecimento de urânio pretendidas pelo Irã em território russo.

Além disso, defendeu esperar o relatório sobre o caso que o diretor-geral do Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Mohammed El Baradei, apresentará em 6 de março.

Por outro lado, o chefe da diplomacia européia reivindicou ao ministro iraniano um "papel mais construtivo" nos conflitos do Oriente Médio, Iraque e Afeganistão, já que "a cooperação do Irã em todos os assuntos ou questões sobre a estabilidade da região não é suficiente", resumiu Solana.