Hamas reconhece existência de Israel, afirma dirigente

O Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) reconhece a realidade política existente na região, e inclui dentro dela Israel, garantiu hoje o subdiretor de seu birô político, Moussa Abu Marzuk, em declarações realizadas em Damasco.

"Não há dúvida de que há um reconhecimento de Israel na prática, embora seja apenas pelo fato de que Israel existe no terreno e é óbvio que não são assinados acordos com organismos imaginários", disse Abu Marzuk em entrevista com a emissora "A voz da paz", dirigida por pacifistas israelenses e palestinos.

"Israel existe, todos falam dos acordos com ele, e o problema está em que tudo é exigido exatamente do Hamas", acrescentou.

Segundo o dirigente islâmico, auxiliar de Khaled Mashaal, um dos principais líderes do movimento no exílio, o Hamas não pode aceitar uma realidade em que "seja exigido dele legitimar a ocupação. Isso não podemos aceitar".

O Hamas nunca reconheceu Israel e se nega a aceitar publicamente os acordos de paz assinados pelo Governo da Autoridade Nacional Palestina (ANP) com os representantes do Estado judaico, o que levou o executivo israelense a suspender os contatos políticos com os palestinos e as transferências de fundos.

Consultado sobre a possibilidade de o Hamas adotar uma linha pragmática, Abu Marzok respondeu hoje que não há dúvida que seu movimento terá que reconhecer Israel no futuro, embora só seja "de fato", se quiser dirigir a ANP.

Desde seu ponto de vista, isso não está em contradição com a ideologia do movimento de não reconhecer Israel de forma explícita, nem seguir sustentando que ocupa terras do Islã.

"Estamos frente a uma série de mudanças, e cada movimento faz as mudanças de acordo à realidade, mas há três princípios nos quais não cederemos nunca: um Governo segundo a sharia (lei islâmica), nosso direito a viver na Palestina e nosso direito a lutar contra a ocupação", acrescentou.

Abu Marzok, de 55 anos e residente em Damasco, representa a linha pragmática do Hamas