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Abismo no Ensino Médio
Entre as 77 escolas de Cuiabá que participaram do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) em 2005 existem as mais distintas realidades, principalmente entre aquelas que ocupam as duas extremidades da lista de resultados. Esta semana a reportagem do Diário esteve na pior e na melhor escola de Cuiabá, de acordo com os parâmetros do Enem.
A Escola do Farina, da rede particular, que ficou em primeiro lugar na capital, com a média total de 65,34 pontos, também ocupa a 17ª posição no ranking de melhores escolas nacionais. Na outra ponta, a unidade que obteve o pior resultado em Cuiabá, a Escola Estadual Professor Benedito de Carvalho, com a média de 26,51, também ocupa o último lugar entre as escolas das 27 capitais brasileiras, com resultado bem abaixo inclusive da média de pontos de Cuiabá, que foi 41,84.
Em uma escola, o aluno que deseja cursar o Ensino Médio despende o valor total de R$ 10.680 por ano, para assistir aulas em período integral. Na outra, nem livro didático ele pode contar. Todo o material que dispõe é o próprio caderno, com o conteúdo que copiou do quadro negro, passado pelo professor. O financiamento utilizado para o Ensino Médio através da Educação de Jovens e Adultos (EJA), caso da escola estadual em questão, é ‘emprestado’ das demais séries através do Plano de Desenvolvimento Escolar (PDE), cujos recursos são enviados pelo Ministério da Educação per capta para o ensino regular. Em 2005, o PDE da Benedito de Carvalho foi de R$ 25,8 mil, conforme a Secretaria de Estado de Educação.
A Escola do Farina, no mercado educacional de Cuiabá há nove anos, não é feita para muitos alunos. Conforme seu diretor, o professor Sidney Farina, o número total não passa de 200. “Aqui, temos 30 alunos por turma no máximo. Não entendo como alguns conseguem trabalhar com 200, 300 alunos em sala”, questiona. A escola fica no bairro Jardim Guanabara.
Na escola estadual Benedito de Carvalho, no bairro CPA II, também não há muitos alunos, nem no início do ano, quando são abertas as matrículas, muito menos no final, quando boa parte já desistiu em virtude das dificuldades de quem trabalha para ter uma renda aproximada a um salário mínimo, filhos e nenhum recurso extracurricular para acompanhar as aulas. Para se ter uma idéia, dos 100 alunos que se matricularam no 1º ano do Ensino Médio da escola em 2005, apenas 37 concluíram o ano letivo.
Salas bem iluminadas, climatizadas, com carteiras novas e limpas e quadros amplos, de forma que o aluno tenha pouca dificuldade para enxergar o conteúdo. Assim é o cenário da Escola do Farina. Como o regime de aulas é integral, perfazendo um total de 50 horas/aula por semana, o mínimo de conforto é oferecido para que as aulas não se tornem cansativas.
Apesar da recente reforma realizada na Benedito de Carvalho, com recursos do governo federal para a recuperação das salas de aula, o ambiente tem fraca iluminação. Em algumas salas, há lâmpadas queimadas, carteiras em mau estado de conservação, sem contar que a climatização é feita com ventiladores de teto – aqueles que não estão quebrados -, que chagam a embalar os alunos com o barulho que fazem.
Na Escola do Farina, o material didático é próprio, elaborado pelos professores para todas as disciplinas. Além disso, seus alunos também dispõem de recursos audiovisuais, biblioteca, e acesso à internet. Já na Benedito de Carvalho, os dois únicos computadores existentes servem para utilização administrativa e para elaboração de material pedagógico, restritos ao ambiente da secretaria, e sem acesso à internet. Conforme a coordenadora pedagógica, Vanderli Zuchini, neste ano foi possível separar uma das salas de aula para que se comece a estruturar uma biblioteca para a escola. A escola conta apenas com equipamentos audiovisuais.
Os professores que atuam nas duas instituições têm basicamente a mesma formação profissional. A maioria estudou nas universidades locais e está cursando a pós-graduação. Segundo o professor Farina, a única exigência feita pela escola para a admissão de professores é a adaptação ao método: aulas em período integral, com duas etapas de atividades, a básica, quando são repassados os conhecimentos tradicionais, e o aprofundamento, quando o conteúdo é oferecido a partir da interdisciplinaridade, com experiências do cotidiano.
Na escola estadual, os professores, cerca de 50% interinos na rede, têm que estar familiarizados com o EJA, programa do governo federal que substitui o antigo supletivo, para jovens a partir dos 18 anos que permaneceram algum tempo longe da escola. Nesse programa não existem períodos bem definidos para que os alunos atravessem as três séries do Ensino Médio. “A cada dois meses, os alunos passam por uma avaliação dos professores e pela reclassificação. Em dois anos, concluem o Ensino Médio. Na minha opinião, este tempo não é suficiente para cursar o Ensino Médio”, diz Vanderli.
A Escola do Farina, da rede particular, que ficou em primeiro lugar na capital, com a média total de 65,34 pontos, também ocupa a 17ª posição no ranking de melhores escolas nacionais. Na outra ponta, a unidade que obteve o pior resultado em Cuiabá, a Escola Estadual Professor Benedito de Carvalho, com a média de 26,51, também ocupa o último lugar entre as escolas das 27 capitais brasileiras, com resultado bem abaixo inclusive da média de pontos de Cuiabá, que foi 41,84.
Em uma escola, o aluno que deseja cursar o Ensino Médio despende o valor total de R$ 10.680 por ano, para assistir aulas em período integral. Na outra, nem livro didático ele pode contar. Todo o material que dispõe é o próprio caderno, com o conteúdo que copiou do quadro negro, passado pelo professor. O financiamento utilizado para o Ensino Médio através da Educação de Jovens e Adultos (EJA), caso da escola estadual em questão, é ‘emprestado’ das demais séries através do Plano de Desenvolvimento Escolar (PDE), cujos recursos são enviados pelo Ministério da Educação per capta para o ensino regular. Em 2005, o PDE da Benedito de Carvalho foi de R$ 25,8 mil, conforme a Secretaria de Estado de Educação.
A Escola do Farina, no mercado educacional de Cuiabá há nove anos, não é feita para muitos alunos. Conforme seu diretor, o professor Sidney Farina, o número total não passa de 200. “Aqui, temos 30 alunos por turma no máximo. Não entendo como alguns conseguem trabalhar com 200, 300 alunos em sala”, questiona. A escola fica no bairro Jardim Guanabara.
Na escola estadual Benedito de Carvalho, no bairro CPA II, também não há muitos alunos, nem no início do ano, quando são abertas as matrículas, muito menos no final, quando boa parte já desistiu em virtude das dificuldades de quem trabalha para ter uma renda aproximada a um salário mínimo, filhos e nenhum recurso extracurricular para acompanhar as aulas. Para se ter uma idéia, dos 100 alunos que se matricularam no 1º ano do Ensino Médio da escola em 2005, apenas 37 concluíram o ano letivo.
Salas bem iluminadas, climatizadas, com carteiras novas e limpas e quadros amplos, de forma que o aluno tenha pouca dificuldade para enxergar o conteúdo. Assim é o cenário da Escola do Farina. Como o regime de aulas é integral, perfazendo um total de 50 horas/aula por semana, o mínimo de conforto é oferecido para que as aulas não se tornem cansativas.
Apesar da recente reforma realizada na Benedito de Carvalho, com recursos do governo federal para a recuperação das salas de aula, o ambiente tem fraca iluminação. Em algumas salas, há lâmpadas queimadas, carteiras em mau estado de conservação, sem contar que a climatização é feita com ventiladores de teto – aqueles que não estão quebrados -, que chagam a embalar os alunos com o barulho que fazem.
Na Escola do Farina, o material didático é próprio, elaborado pelos professores para todas as disciplinas. Além disso, seus alunos também dispõem de recursos audiovisuais, biblioteca, e acesso à internet. Já na Benedito de Carvalho, os dois únicos computadores existentes servem para utilização administrativa e para elaboração de material pedagógico, restritos ao ambiente da secretaria, e sem acesso à internet. Conforme a coordenadora pedagógica, Vanderli Zuchini, neste ano foi possível separar uma das salas de aula para que se comece a estruturar uma biblioteca para a escola. A escola conta apenas com equipamentos audiovisuais.
Os professores que atuam nas duas instituições têm basicamente a mesma formação profissional. A maioria estudou nas universidades locais e está cursando a pós-graduação. Segundo o professor Farina, a única exigência feita pela escola para a admissão de professores é a adaptação ao método: aulas em período integral, com duas etapas de atividades, a básica, quando são repassados os conhecimentos tradicionais, e o aprofundamento, quando o conteúdo é oferecido a partir da interdisciplinaridade, com experiências do cotidiano.
Na escola estadual, os professores, cerca de 50% interinos na rede, têm que estar familiarizados com o EJA, programa do governo federal que substitui o antigo supletivo, para jovens a partir dos 18 anos que permaneceram algum tempo longe da escola. Nesse programa não existem períodos bem definidos para que os alunos atravessem as três séries do Ensino Médio. “A cada dois meses, os alunos passam por uma avaliação dos professores e pela reclassificação. Em dois anos, concluem o Ensino Médio. Na minha opinião, este tempo não é suficiente para cursar o Ensino Médio”, diz Vanderli.
Fonte:
Diário de Cuiabá
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/318061/visualizar/
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