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Internacional
Sábado - 18 de Fevereiro de 2006 às 20:15

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O líder palestino Mahmud Abbas inaugurou neste sábado um novo Parlamento dominado pelo Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) e apelou para uma solução negociada para o conflito com Israel, pedindo que os palestinos não sejam castigados em função da vitória do grupo radical islâmico.

Ao fazer uso da palavra depois que os deputados do novo Conselho Legislativo (CLP, Parlamento) prestaram um juramento coletivo, Abbas anunciou que encarregará o Hamas, que obteve 74 dos 132 assentos do Parlamento nas eleições de 25 de janeiro, da tarefa de formar o governo.

"A mudança interna resultante das eleições legislativas com a maioria parlamentar obtida pelo Hamas não deve servir de pretexto para novas agressões contra nosso povo ou para se exercer uma chantagem contra ele", declarou Abbas.

"O povo palestino não deve ser castigado por sua eleição democrática. A direção palestina e eu pessoalmente rejeitamos essa chantagem e pedimos a todo o mundo que renuncie a isso", acrescentou.

O líder do Hamas, Ismail Haniyeh, disse que as "divergências políticas" entre seu movimento e Mahmud Abbas serão resolvidas por meio do diálogo. "O discurso do presidente Abbas teve aspectos positivos. Temos divergências no plano político, já que ele tem seu programa e nós temos o nosso", declarou Haniyeh, provável futuro primeiro-ministro, durante a sessão inaugural do Parlamento que acompanhou desde Gaza por vídeo-conferência.

"Essas divergências nas posições e no programa político serão resolvidas por meio do diálogo e da coordenação, de acordo com os interesses do povo palestino", informou.

A sessão do CLP foi realizada no quartel-general da Autoridade Palestina em Ramallah (Cisjordânia). Os deputados da Faixa de Gaza, sobretudo os principais líderes do Hamas, os quais Israel impediu que viajassem para a Cisjordânia, a acompanharam por vídeo-conferência.

A maioria obtida pelo Hamas no Parlamento pôs fim a uma década de hegemonia do movimento Fatah. Este novo Parlamento inicia uma era de coexistência sem precedentes entre um presidente da Autoridade Palestina pertencente ao Fatah e um parlamento do Hamas.

"A Presidência da Autoridade Palestina e o governo permanecerão fiéis à negociação (com Israel) como opção estratégica realista. Uma gestão séria e sábia dessas negociações nos permitirá realizar nossas aspirações nacionais", declarou Abbas em seu discurso.

"Nosso conflito não tem solução militar. Apenas negociações entre sócios iguais podem pôr fim ao ciclo de violência que vivenciamos", acrescentou, denunciando "o enfoque unilateral" de Israel.

"Lembro aos membros do CLP e aos do próximo governo que todos os acordos firmados devem ser respeitados imperativamente", advertiu Abbas. O dirigente palestino se referia aos acordos firmados com Israel, principalmente o de Oslo de 1993, sobre a autonomia palestina, e o Mapa do Caminho, plano de paz internacional que prevê a criação de um Estado palestino. Um dirigente do movimento radical Hamas, Aziz Doweik, professor da Universidade de Cisjordânia, foi eleito neste sábado presidente do CLP durante a sessão inaugural. Em Jerusalém, um alto representante israelense declarou neste sábado que o Estado hebreu considerará de agora em diante a Autoridade Palestina como uma "entidade hostil". "Legalmente, a Autoridade Palestina se definiu como uma entidade hostil", declarou este alto funcionário da Presidência do Conselho que solicitou o anonimato.

"O discurso de Mahmud Abbas não muda nada. Sabemos que ele reconhece Israel, que condena a violência e que quer continuar as negociações de paz previstas pelo 'Mapa da Paz'", plano internacional para solucionar o conflito entre israelenses e palestinos, acrescentou.

"O problema é que incumbiu o Hamas da tarefa de formar o próximo gabinete e nós não ouvimos este último (dizer) que reconhece Israel, que aceita os acordos firmados pelos palestinos e que renuncia ao terrorismo", insistiu este representante.

"O governo israelense dará neste domingo sua resposta à nova situação depois de ter ouvido as recomendações das autoridades da Defesa", informou.




Fonte: AFP

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