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Polícia Brasil
Sexta - 17 de Fevereiro de 2006 às 14:53

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O secretário nacional de Segurança Pública, Luiz Fernando Corrêa, classificou como "guerra local" a tentativa de invasão, por um grupo homens armados, do bairro da Rocinha, em São Conrado, zona sul da capital do Rio de Janeiro, no começo da noite de quarta-feira. Para Corrêa, o episódio é fruto de uma briga interna dos traficantes por causa da escassez de drogas no comércio do tráfico.

"Brigam porque há escassez de produto. Se não estão ocorrendo grandes apreensões no Rio, é porque a droga tem sido interceptada com o trabalho da polícia nas fronteiras", disse. Corrêa participou hoje, no Rio de Janeiro, da solenidade de entrega de duas aeronaves ao Grupamento Aéreo e Marítimo do estado (GAM) pelo Ministério da Justiça, através da Secretaria Nacional de Segurança Pública.

O avião apreendido pela Polícia Federal durante uma operação no Mato Grosso e um helicóptero adquirido com recursos do Fundo Nacional de Segurança Pública vão reforçar a estrutura do policiamento aéreo no Rio.

Cobiça

A grande movimentação de dinheiro com a venda de drogas na Rocinha acaba gerando uma cobiça entre traficantes de facções rivais, que não medem esforços pelo domínio dos pontos de comercialização e acabam promovendo conflitos armados que colocam em risco a vida da população. A avaliação é do antropólogo Alcir Cavalcanti, autor de vários estudos sobre violência urbana.

Em entrevista do programa Redação Nacional, da Rádio Nacional do Rio de Janeiro , nesta sexta-feira, Cavalcanti classificou a Rocinha como um lugar privilegiado para a venda de drogas, porque a favela fica muito próxima a bairros de classe média alta, como São Conrado e Gávea, atraindo consumidores com alto poder aquisitivo.

"A venda de drogas na Rocinha é muito grande e provoca o chamado olho grande de grupos de outras favelas que tentam invadir o morro para controlar o tráfico", afirmou. Para o antropólogo, o consumo e venda de drogas só poderão diminuir com a adoção pelo governo do Estado de políticas públicas de educação e emprego direcionadas à juventude. A medida, segundo ele, faria com que o jovem não se sentisse atraído pelo tráfico e com a possibilidade de ganhar muito dinheiro.

"Dependendo da função que o jovem ocupar no organograma do tráfico ele pode ganhar R$ 400 por semana ou até R$ 200 por dia, enquanto que em um emprego formal o salário não passará de R$ 400 por mês", enfatizou. Cavalcanti lembrou que além de ficar refém do tráfico, a população de favelas sofre com a presença de "milícias armadas", compostas, segundo ele, por policiais ou ex-policiais. "Este poder paralelo já atua em várias favelas e um exemplo de ação é o domínio sobre a venda de gás".





Fonte: Agência Brasil

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