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Internacional
Sexta - 17 de Fevereiro de 2006 às 12:00

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A Rússia anunciou hoje que só fornecerá armas à Autoridade Nacional Palestina (ANP) com o consentimento de Israel, que observa com receio os contatos de Moscou com o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas).

"O fornecimento de equipamentos militares à ANP poderá ser efetuada somente com o consentimento de Israel e através de seu território", disse Ivanov, citado pela agência "Interfax", durante uma visita a uma unidade militar de elite nos arredores de Moscou.

O ministro da Defesa russo afirmou que o envio de armamento à ANP está em uma fase de "estudo preliminar", já que a decisão definitiva só será tomada após as reuniões que serão realizadas no início de março em Moscou entre autoridades russas e uma delegação do Hamas.

A Rússia já tinha anunciado seus planos de fornecer à ANP dois helicópteros de transporte Mi-17 e até 50 carros blindados.

O chefe do Estado-Maior do Exército russo, o general Yuri Baluyevski, já tinha afirmado que a decisão sobre o envio de equipamentos militares à ANP pode ser tomada ao término das negociações com o Hamas.

De acordo com Baluyevski, os dois helicópteros Mi-17 que Moscou planeja fornecer aos palestinos não possuirão armamento e serão destinados a satisfazer as necessidades de transporte dos dirigentes da ANP.

Ivanov ressaltou hoje que a perspectiva destas provisões "não causa nenhuma preocupação" em Israel, que logo após saber que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, tinha convidado uma delegação do Hamas para visitar Moscou, tachou a iniciativa de "erro" e "punhalada pelas costas".

No entanto, Israel amenizou seu discurso quando o chefe do Kremlin afirmou que as consultas com o Hamas na capital russa serviriam para manifestar à organização islâmica que deve renunciar à luta armada e reconhecer o direito do Estado de Israel a existir.

A iniciativa de Putin foi apoiada pela França, cujo primeiro-ministro, Dominique de Villepin, afirmou no início da semana em Moscou que o diálogo com o Hamas pode servir para a evolução do movimento islâmico.

O alto representante da UE para a Política Externa e de Segurança Comum, Javier Solana, afirmou na quinta-feira em Jerusalém que os contatos da Rússia e da Turquia com o Hamas "podem ser úteis".

A Rússia é o único membro do Quarteto de Madri (que também é integrado por EUA, UE e ONU) que desde o início estendeu a mão ao Hamas, organização que Moscou nunca considerou terrorista, após sua vitória nas eleições legislativas palestinas de janeiro.

Na opinião de Moscou, estabelecer contato com o Hamas é imprescindível para "evitar a degradação do processo de paz" e preservar as perspectivas de avanço do "Mapa de Caminho", o plano de paz para o Oriente Médio traçado pelo Quarteto de Madri.

O chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, reiterou hoje que, nas reuniões com o Hamas, Moscou se guiará pela postura de consenso entre os mediadores internacionais.

"Continuaremos o trabalho que dirigentes de muitos países do Oriente Médio realizam com a chefia do Hamas e achamos que tudo isto permitirá avançar rumo a uma situação em que Hamas será uma parte integrante legítima e útil do processo de paz", disse o ministro de Assuntos Exteriores russo.

Lavrov indicou que atualmente está sendo analisada a "composição das delegações que se reunirão em Moscou", e acrescentou: "Estamos à espera das propostas do Hamas".

Alexandr Kaluguin, enviado especial do ministro de Assuntos Exteriores da Rússia para o Oriente Médio, disse hoje à agência oficial "Itar-Tass" que a delegação do movimento islâmico será "representativa" e que "provavelmente será liderada por Khaled Mashaal, o chefe do escritório político do Hamas".





Fonte: EFE

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