Os cadáveres dos animais mortos a tiros, decepados e sem suas presas, incluindo um filhote de apenas dois meses, foram encontrados no último sábado (5) no Parque Nacional Tsavo Leste.
Segundo Patrick Omondi, chefe do programa de proteção aos elefantes do Serviço do Quênia para a Vida Selvagem (KWS, na sigla em inglês), desde os anos de 1980 não ocorria a perda de tantos elefantes em um único incidente. "Isso é um claro sinal de que as coisas estão piorando", explica.
Omondi complementa ainda que as investigações iniciais apontam para um grupo de dez caçadores que portavam armas de fogo de diversos calibres. Em geral, bandos de criminosos utilizam o fuzil AK-47 para a caça. O grupo é procurado por guardas florestais, mas até o momento não tiveram êxito, anunciou a serviço de preservação da vida selvagem no Quênia.
Um aumento na demanda por marfim na Ásia fez com que a matança de elefantes no continente africano aumentasse expressivamente. As presas de elefantes são utilizadas em medicamentos tradicionais e também como peças de decoração. "Um quilo de marfim pode chegar a custar US$ 2.500 no mercado negro, quantias que alimentam grupos de criminosos extremamente organizados e com armas sofisticadas", disse Omondi.
Imagem aérea mostra parte de família de elefantes encontrada morta por guardas florestais do Quênia no último fim de semana (Foto: Reprodução/Voice of America/Serviço para a Vida Selvagem do Quênia)
Em 2012, o Quênia sofreu com a perda de 360 elefantes para a caça ilegal. Só no ano anterior, o número de assassinatos de elefantes foi de 289, segundo informou o KWS. Pelo menos, 40 caçadores foram mortos em conflito contra guardas-florestais quenianos em 2012.
O mercado internacional de marfim, com muitas exceções, foi considerado fora da lei desde 1989, após uma queda brusca da população de elefantes na África de milhões, em meados do século 20, para apenas 600 mil no final dos anos 80.
Só na última semana, mais de uma tonelada de marfim foi capturada em Hong Kong de um navio proveniente do Quênia. A carga foi avaliada em US$ 1.4 milhão. O mercado de marfim está banido pela Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies de Fauna e Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção (CITES), assinada em Washington, em 1973.
O próximo encontro será realizado em março e, de acordo com Omondi, os países com manadas de elefantes tem registrado um aumento na caça ilegal. "Os especuladores fazem estoques de contrabando na esperança de que a conferência revogue a proibição do comércio de marfim", discutiu o chefe do KWS. No continente africano vivem cerca de 472 mil elefantes cuja sobrevivência está ameaçada pela caça ilegal e pela perda de seu habitat natural.
Marfim apreendido no porto de Hong Kong na última semana (Foto: AP Photo/Kin Cheung)
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