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Quarta - 15 de Fevereiro de 2006 às 20:06

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O veterano cineasta polonês Andrzej Wajda recebe nesta quarta-feira o Urso de Ouro honorário pelo conjunto da obra no 56º Festival Internacional de Cinema de Berlim. "Os filmes não podem mudar o mundo, mas seria terrível que como artistas não tivéssemos nada a fazer e não encontrássemos eco. Podemos despertar as consciências e comover os corações", disse Wajda, emocionado durante entrevista coletiva anterior à cerimônia de entrega do prêmio.

Wajda, que também é diretor de teatro, pintor, escultor e escritor, fará 80 anos no próximo 6 de março.

Nascido em Suwalki (nordeste da Polônia), em 1926, Wajda é um dos diretores de cinema mais importantes da Europa na atualidade e uma das figuras chave da denominada "escola de cinema polonesa", equivalente ao movimento neorrealista italiano.

"As obras de arte nunca serão um substituto da política. Mas podemos despertar as consciências e comover os corações e, assim, exercer influência a longo prazo sobre a política e os políticos", acrescentou o mestre do cinema polonês.

Andrzej Wajda foi marcado fundamentalmente pela Segunda Guerra Mundial, durante a qual, após a morte de seu pai, o artista aderiu ao movimento de resistência polonesa.

Wajda consolidou sua carreira internacional na década de 1980 com várias produções no exterior.

Em 1982 filmou Danton na França e em 1983 ficou conhecido na então República Federal da Alemanha pelo filme Um Amor na Alemanha, baseado na obra de Rolf Hochhuth, que não fez muito sucesso.

No entanto, as obras que até hoje permanecem indeléveis na lembrança do público são O Homem de Mármore (1977) e O Homem de Ferro (1981), que criticavam o sistema comunista na Polônia.

Como poucos diretores do bloco oriental, Wajda analisa em seus filmes com coragem pessoal e convicção artística as pústulas do stalinismo.

Estas realizações lhe renderam várias distinções dentro e fora da Polônia, entre elas duas indicações ao Oscar da Academia de Artes de Ciências Cinematográficas de Hollywood de Melhor Filme Estrangeiro. Em 2000, recebeu um Oscar honorário pelo conjunto da obra como diretor de cinema.

Wajda começou a carreira em 1954 com o filme Geração, uma reflexão magistral sobre as experiências vividas na resistência contra o nazismo, nas fileiras da nacionalista Armia Krajowa polonesa, dependente do governo exilado em Londres, que o fez conquistar imediatamente reconhecimento internacional.

Seus filmes seguintes foram Kanal (1957) e Cinzas e Diamantes (1958), considerados até hoje as obras críticas mais impressionantes sobre a vida na Polônia daqueles anos.

Desde 1962 Wajda trabalha dentro e fora da Polônia, também como diretor de teatro. Em 1980 montou Crime e Castigo, de Fiodor Dostoievski, na Berlim ocidental, e foi diretor-geral do Teatro Powszechny de Varsóvia. Em 1989 se apresentou como candidato do movimento Solidarnosc (Solidariedade) ao senado polonês e ocupou este cargo até 1991.

Após a cerimônia de gala na qual recebeu o Urso de Ouro honorário, será exibido, a pedido de Wajda, um filme não muito conhecido do público, intitulado Pilatos e Outros, um filme para a Sexta-feira Santa, rodado em 1972 na República Federal da Alemanha, inspirado no romance O Mestre e a Margarida, de Mikhail Bulgakow.

Wajda continua trabalhando intensamente e entre seus próximos projetos está um sobre o massacre praticado por membros do Exército Vermelho Soviético no início da Segunda Guerra Mundial no bosque de Katyn, perto de Smolensk, onde morreram milhares de militares poloneses de alta patente.

Entre as vítimas estava ainda o pai de Wajda, um oficial de carreira do exército polonês.





Fonte: AFP

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