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Internacional
Terça - 14 de Fevereiro de 2006 às 15:37

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O primeiro filme de ficção alemão sobre o bombardeio aliado de 1945 em Dresden foi exibido esta semana em Berlim, 61 anos depois de uma das páginas mais dolorosas da história da Alemanha.

Dresden - The Inferno (Dresden, o Inferno), conta a história da destruição da "Veneza do Elba" pelos bombardeios britânicos e americanos nos dias 13 e 14 de fevereiro de 1945.

Pelo menos 35 mil pessoas morreram, inclusive centenas de refugiados que haviam encontrado abrigo nesta cidade da Saxônia, fugindo dos horrores do front oriental.

Os diretores, que apresentaram o filme no Festival Internacional de Cinema de Berlim em busca de eventuais compradores, declararam que foram precisos 60 anos para levar ao cinema uma história fictícia vinculada ao evento.

"O filme mostra desde o princípio que foram os nazistas os culpados pelo início da guerra. Isto não significa, no entanto, que devamos eludir a realidade do terrível sofrimento dos civis", declarou em entrevista coletiva Guenther van Endert, editor da rede pública de televisão ZDF, que em março próximo exibirá o filme em duas partes.

O longa conta a comovente história de amor entre a enfermeira alemã Anna (Felicitas Woll) que atende soldados feridos no front, e o piloto britânico Robert (John Light), cujo avião foi abatido perto de Dresden, dias antes do bombardeio.

Robert sobrevive escondendo-se no hospital onde Anna trabalha. Embora seja namorada de um jovem médico, ela se sente atraída pelo silencioso aviador e o ajuda a fugir da Gestapo, a polícia secreta nazista.

O bombardeio começa quando Anna foge da cidade com sua família. Cenas apocalípticas se sucedem no filme: uma mãe empurra um carrinho de bebê em chamas, um homem de muletas tenta não cair sob os escombros de um edifício incendiado, idosas imploram a um soldado que as fuzile para não morrerem sufocadas pelo intenso calor em um abrigo antiaéreo.

Embora o destino dos civis alemães tenha sido tema de vários livros lançados nos últimos anos, Dresden - The Inferno aborda novos elementos.

"Há cenas nunca mostradas em um filme alemão, pelo risco de que pudessem chocar o público", explicou o roteirista Stefen Kolditz.

"Não se trata de voyeurismo. Achamos que, em respeito à memória das vítimas, precisamos mostrar até que ponto sofreram", acrescentou Van Endert.

Após mostrar a devastação e as filas de cadáveres expostos nas ruas, o filme exibe ainda como os nazistas forçaram os prisioneiros de um campo de concentração a limpar as ruínas e atiram contra saqueadores.

A fita contradiz a idéia amplamente divulgada na Alemanha de que "a Inglaterra queria matar o maior número possível de pessoas" e que Dresden não tinha importância estratégica, acrescentou Van Endert.

Os autores do filme, em colaboração com historiadores britânicos e alemães, mostraram que Dresden era um nó no sistema de aprovisionamento dos soldados alemães no front oriental, sediava um importante quartel da Gestapo e uma fábrica de gás tóxico.

A distribuição internacional do filme - a mais importante produção para TV, com orçamento de 10 milhões de euros (11,89 milhões de dólares) - é administrada pela Beta Cinema, distribuidora de A Queda - Os Últimos Dias de Hitler.

A empresa informou que os direitos do filme já foram vendidos para os mercados italiano e polonês.

Repudiando qualquer intenção de ser "politicamente correto" com este filme, Van Endert destacou que pretende "mostrar os dois lados da história", sem concessões.





Fonte: EFE

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