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Nacional
Terça - 14 de Fevereiro de 2006 às 03:15

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O Batalhão de Policiamento em Vias Especiais (BPVE) vai realizar nesta semana, na favela Beira-Mar, em Duque de Caxias (RJ), uma "operação social" que trocará tiros por atividades de auxílio à comunidade local. Paralelamente às ações de cidadania, os policiais querem conquistar a confiança dos moradores para obterem informações sobre a mulher que matou no último dia 2, na Penha (capital), com tiros de fuzil, o soldado do BPVE Ricardo Davi de Oliveira Viana e o aposentado Jeremias dos Santos Pereira, 72 anos, após ter o carro parado em uma blitz. Ela estaria refugiada na favela.

Sobrevivente do ataque na Penha, o soldado do BPVE Fagner Roberto dos Santos inocentou ontem Luciana Pereira Lagos, 24 anos, apontada sexta-feira como suspeita do crime. Ela havia sido reconhecida por foto pelo policial que, ao vê-la ontem pessoalmente na 22ª DP (Penha), voltou atrás.

"O rosto é parecido, mas a moça que atirou é mais baixa", disse. A polícia continua caçando a atiradora e também Juliano Gonçalves de Oliveira, o Juca, que seria um dos líderes do tráfico na Favela Beira-Mar e teria participado do crime na Penha. Luciana apresentou-se na DP para alegar inocência. A sua foto consta em álbum da Coordenadoria de Recursos Especiais da Polícia Civil (Core).

Quanto às ações sociais na favela, o comandante do BPVE, coronel Roberto Penteado, afirma que serão voltadas a ajudar uma comunidade muito carente.

"Aquele pessoal é muito pobre. Vamos lá com médicos, dentistas, prestar uma assessoria jurídica e ajudar a quem necessita tirar carteiras de identidade e de trabalho", afirmou, acrescentando que até barbeiros serão levados à comunidade, para quem desejar cuidar da aparência.

Na sexta-feira, Penteado e seus subordinados distribuíram 2,5 toneladas de alimentos a moradores da favela.

"Levar assistência social às favelas é um modo de estimular as pessoas a procurarem a PM quando necessitarem. E também de fazer com que sintam que, sendo ajudadas, podem nos ajudar, passando informes¿, afirma Penteado.

O oficial disse ainda que, depois de ter prendido, dia 3, Gabriela dos Santos Borges, 21 anos, ligada ao tráfico na favela, não consegue esquecer o drama da família. Com os R$ 50 semanais que recebia, ela sustentava oito crianças e a mãe, Maria de Fátima Degemi Borges, 42: "Dói no coração ver tanta miséria. E ajudando essas pessoas, elas poderão ver que a PM também tem coração".

Fernandinho, o "dono do mundo"

Horas depois de distribuir alimentos para moradores da Favela Beira-Mar, o coronel Roberto Penteado foi avisado de que drogas estariam escondidas num barraco na favela. Homens do BPVE, então, seguiram para o local, onde encontraram 4,5 quilos de maconha em tabletes e uma balança de precisão. Mas o que mais chamou a atenção dos policiais foi a capa de um CD de "proibidões". Nela, há uma fotomontagem que mostra o chefão do pó Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, segurando o globo terrestre e com uma imagem do Cristo Redentor no bolso.

Segundo os PMs, com isso os bandidos da favela pretendiam homenagear o antigo líder, insinuando que ele seria o "dono do mundo e do Rio de Janeiro". Na capa, havia a inscrição: "Beira-Mar. Evolution. Músicas criadas por MC¿s da comunidade, com a participação especial do Rap do Caveirão. Todo poderoso." O CD com a gravação dos proibidões não foi encontrado.

Herdeiro das bocas-de-fumo da favela, Juca, que é acusado de ter, ao lado da atiradora, participado do atentado na Penha, já respondeu a vários processos criminais e chegou a ser condenado num deles. Juca saiu de Bangu 3 em 14 de outubro de 2004, depois de cumprir pena de quatro anos e seis meses por tráfico.





Fonte: O Dia

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