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Cidades/Geral
Segunda - 13 de Fevereiro de 2006 às 13:37

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Pela segunda vez esta semana, técnicos do Instituto Médico Legal (IML) e da Polícia Civil não puderam realizar a exumação no cadáver do juiz Leopoldino Marques do Amaral, no cemitério municipal de Poconé. Além da chuva, foi decisiva para o adiamento a informação de que, antes do sepultamento do juiz, uma outra ossada fora enterrada no local, numa sacola plástica.

A exumação foi determinada pelo juiz Pedro Sakamoto, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá. Em depoimento, a ex-escrevente Beatriz Árias disse que Leopoldino está vivo e morando na Argentina, após passar por uma cirurgia plástica. O mesmo pedido já havia sido feito ao juiz federal Jéferson Schneider, que o indeferiu, alegando que a sentença era definitiva.

A informação sobre a ossada partiu do coveiro. A notícia foi uma surpresa para todos, principalmente para os familiares do juiz, que acompanhavam o trabalho da polícia. “Não sabia de nada disso. Fiquei muito surpreso. Ele (Leopoldino) seria sepultado junto ao pai, mas fizeram uma homenagem e doaram outro lugar”, disse o filho do magistrado, Leopoldo Augusto Gattass do Amaral, 34 anos. Ele, a irmã Márcia Regina Gattass do Amaral e sua mãe Odete Gattass fizeram na última sexta-feira a coleta de sangue no IML em Cuiabá para a realização de novo exame de DNA.

Além da chuva, a preocupação do coordenador geral de Medicina Legal da Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) da Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), Celso Aparecido Serafim da Silva, era que, diante da possibilidade de existir realmente uma outra ossada no local, a parte inferior do caixão com o corpo do juiz se rompesse e os ossos se misturassem. “O caixão é de madeira e, com apodrecimento e por estar molhado, ao ser suspenso pode se romper. Se houver outra ossada embaixo, o material pode ser misturar e comprometer o resultado”, disse.

O delegado da Diretoria de Atividades Especiais, Gerência de Repressão a Seqüestro e Investigações Especiais, Luciano Inácio da Silva, acompanhou o trabalho dos peritos. O delegado instaurou novo inquérito para apurar as declarações de Beatriz Árias, mas até o momento não ouviu ninguém. “O primeiro passo é aguardar o resultado da perícia”, comentou.

Conforme Celso Serafim, não havia indícios de que o jazigo do juiz tenha sido violado. “Não demonstra ter sofrido nenhuma intervenção após a construção do lápide. Agora vamos esperar parar de chover e que fique seco”.

O jazigo foi lacrado novamente ontem. A exumação deveria ter acontecido na última quarta-feira, mas também por causa da chuva foi adiada para ontem, quando apenas parte do lápide, feita de tijolos e coberta por azulejo, foi quebrada.

A versão de que na sepultura do juiz Leopoldino já havia outra ossada foi considerada um absurdo pelo pedreiro do cemitério, Pedro Batista Ferreira, 31 anos, que fez o túmulo do juiz. “Não havia nada. Desconheço isso. Nesse cemitério, não enterramos ninguém em cima de ninguém. O único caixão que está aí veio do Paraguai”.

Além de adiar a exumação, a insistente chuva também impediu que os moradores de Poconé acompanhassem o trabalho dos peritos. Pouca gente se arriscou a sair de casa para ir até o cemitério.





Fonte: Diário de Cuiabá

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