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Sábado - 11 de Fevereiro de 2006 às 10:20

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Depois do "boom" de investimentos em teledramaturgia, a Record acena agora com um programa de formato bastante familiar aos brasileiros há quase 40 anos. Sucesso da extinta TV Record exibido entre 1967 e 1971, o humorístico A Família Trapo é a "nova" inspiração da emissora.

O pivô da investida é o humorista Tom Cavalcante, que pretende remontar o sitcom que marcou época na televisão brasileira. "O Sai de Baixo, que era inspirado em A Família Trapo ou mesmo em A Grande Família, deu certo", justifica Tom.

Parceiro de Jô Soares na criação dos textos originais do programa, Carlos Alberto de Nóbrega sabe muito bem o valor que A Família Trapo representa no cenário televisivo do país.

Líder de audiência nos três primeiros anos de exibição, o programa era gravado nos palcos dos teatros da TV Record e da Paramount, em São Paulo. Atração principal das noites de sábado, nem mesmo a transmissão em rede aberta impedia que o público lotasse os auditórios durante a gravação do humorístico.

"Era um programa totalmente feito em equipe. Todos tínhamos um carinho especial pelo grupo. Hoje em dia, não se tem mais isso", afirma o autor.

Se por um lado eram escassos os recursos tecnológicos, sobrava qualidade de improvisação nas exibições semanais de A Família Trapo. Não por acaso, o maior diferencial do humorístico na época era, exatamente, a composição do elenco de comediantes. O time reunia nomes como Otelo Zeloni, Ronald Golias e Jô Soares, a nata do humor nacional.

Esse, aliás, é um dos pontos ressaltados por Tom Cavalcante. O humorista sabe que máquinas e efeitos especiais não sustentarão o programa no topo da audiência. "Somente com um bom elenco, grandes redatores e um diretor do ramo, a coisa vai", avalia Tom.

Mas não vai ser fácil para a Record reproduzir tão seleto grupo de humoristas. Isso porque a televisão brasileira vive um período de escassez de comediantes. De acordo com Carlos Alberto Nóbrega, o que temos hoje na TV são atores fazendo humor, ao invés de humoristas de verdade.

"Gente daquele gabarito, feito o Golias e o Chico Anysio, não se vê mais", garante Nóbrega.

Falecido há menos de um ano, Ronald Golias foi um dos medalhões da A Família Trapo. O último trabalho do artista na televisão foi na série Meu Cunhado, produzida entre 2000 e 2003 pelo SBT com formato espelhado no programa criado por Jô Soares e Carlos Alberto de Nóbrega.

"Embora o Meu Cunhado seja parecido, arrisco dizer que A Família Trapo foi o grande programa do Golias", resume o autor.

O projeto de Tom Cavalcante já está aprovado pela direção da Record. O nome do programa e previsão de estréia, porém, continuam indefinidos. Indagado sobre a produção de um possível "remake" de A Família Trapo pela Record, Carlos Alberto Nóbrega foi seco: "Eu não vendo os textos originais por dinheiro nenhum", descarta.

A produção da emissora ainda vai aguardar a estréia do programa Show do Tom, que volta ao ar no dia 8 de março. Enquanto isso, Tom e os diretores da Record irão definir nome, elenco e data de estréia.

"Uma sitcom com o Tom é altamente favorável para a TV, por se tratar de um excelente humorista", garante José Amâncio, diretor do Show do Tom e que irá assumir o novo programa.

Apesar dos seus quase cinco anos de exibição, restam apenas dois episódios do A Família Trapo. Todo o restante foi perdido em incêndios.

Outro atrativo do humorístico - que pode também aparecer nessa nova "reciclagem" - era o hábito de trazer, a cada semana, convidados especiais durante as gravações. "O Tom pode até fazer um programa parecido, mas não o que a gente fazia na época", minimiza Carlos Alberto de Nóbrega.




Fonte: TV Press

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