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Gravação de "JK" tem ritmo intenso e sério no estúdio
O clima de correria tem sido cada vez mais freqüente nas gravações da minissérie JK. Numa cena entre o deputado federal Leonardo, de Caco Ciocler, e o oportunista Coronel Fialho, de Otávio Muller, tudo é muito ágil. Desde a marcação da luz, passando pela última leitura do texto e indo até o ensaio entre os atores e a diretora Maria de Médicis.
"Sou rápida até porque em algumas cenas a lentidão atrapalha a emoção dos atores", explica.
Tamanha aceleração, no entanto, não elimina a descontração dos bastidores nas gravações. Mas na cena o clima era tenso. Leonardo e Fialho criticavam veementemente o governo de JK em meados do ano de 1956, pouco tempo após a posse do presidente.
"Eles são o resumo de um tipo de brasileiro que surgiu nessa época, o oportunista. Estudam artimanhas para chegar ao poder. E o Leonardo é mesmo um crápula. Ele quer destruir Juscelino, o homem que salvou sua vida", constata Caco, escondendo a "dália" - uma espécie de "cola" do ator - na gaveta da mesa de cena.
Como dois urubus agourando o otimismo de JK, a dupla de personagens chega a debochar de Juscelino quando se refere à construção de Brasília, a nova capital, que o presidente prometeu estar concluída até o final de seu governo.
"Esta história de capital é uma tolice que o Dutra inventou e que está sendo ressuscitada por Juscelino!", esbravejava o Coronel Fialho, andando de um lado para o outro do cenário. "Nesta cena eles estão tramando para tentar minar o governo de JK. Esse trecho da História do Brasil realmente dá pano para a manga", reconhece Otávio Muller, alisando os bigodes do Coronel.
Pouco depois, na marcação de luz da cena, Nilton Canavezes, o assistente de produção da trama, assume a postura de um cão de guarda do estúdio e solta um grito: "Mais para a direita Sarney!", e Otávio muda apenas a cabeça de posição.
O apelido, em "homenagem" ao político maranhense, foi dado pelo diretor geral da trama, Dennis Carvalho, ao personagem de Otávio Muller por causa do seu denso bigode de coronel.
"Vamos, zamba, zamba! Ah, para a imprensa: Zamba é fora em uma língua africana. Uso para tirar as pessoas da frente das câmaras", profere Canavezes, sob os olhares de aprovação da diretora.
Pronto, esta é a deixa para que a cena já possa ser gravada. Depois da gravação, onde quase ninguém percebe um sutil gaguejo na fala de Leonardo, Caco Ciocler interrompe o silêncio: "A gente fez mal esta cena?", pergunta para Otávio Muller, que, por sua vez, retruca ainda com o sotaque nordestino carregado do Coronel Fialho: "Acho que não! Estou dentro da minha filosofia", revida.
O diálogo só é interrompido quando os atores decidem já começar a ensaiar a cena seguinte, também no mesmo cenário, que é o gabinete de Leonardo no Palácio Tiradentes.
Na discussão, José Maria Alkmim - vivido por Paulo Betti -, amigo de adolescência e Ministro da Fazenda de Juscelino, defende o governo e demonstra que faz de tudo para impedir que o desequilíbrio financeiro do governo comprometa seu plano de metas. "Este homem era realmente amigo do JK, de uma lealdade admirável", elogia Paulo.
Todas as cenas desta seqüência do gabinete são acompanhadas por duas câmaras e contam apenas com interrupções constantes do diretor de iluminação, José Alailton de Freitas.
"Me preocupo em pedir uma luz de contraste para fazer cenas maiores, pouco picotadas. Ou seja, é bem diferente daquelas cenas de novela, de um close para o outro. Aqui é tudo mais aberto, outro ritmo", compara a diretora Maria de Médicis, que para cada bateria de cenas gravadas, explica que se concentra em entender bem o momento político em que ela se passa, além das histórias paralelas de cada personagem envolvido.
"Cada personagem é como se fosse um partido político. Tem de se conhecer bem a história de cada um para enquadrá-lo no governo, que é o nosso roteiro", compara Maria.
"Sou rápida até porque em algumas cenas a lentidão atrapalha a emoção dos atores", explica.
Tamanha aceleração, no entanto, não elimina a descontração dos bastidores nas gravações. Mas na cena o clima era tenso. Leonardo e Fialho criticavam veementemente o governo de JK em meados do ano de 1956, pouco tempo após a posse do presidente.
"Eles são o resumo de um tipo de brasileiro que surgiu nessa época, o oportunista. Estudam artimanhas para chegar ao poder. E o Leonardo é mesmo um crápula. Ele quer destruir Juscelino, o homem que salvou sua vida", constata Caco, escondendo a "dália" - uma espécie de "cola" do ator - na gaveta da mesa de cena.
Como dois urubus agourando o otimismo de JK, a dupla de personagens chega a debochar de Juscelino quando se refere à construção de Brasília, a nova capital, que o presidente prometeu estar concluída até o final de seu governo.
"Esta história de capital é uma tolice que o Dutra inventou e que está sendo ressuscitada por Juscelino!", esbravejava o Coronel Fialho, andando de um lado para o outro do cenário. "Nesta cena eles estão tramando para tentar minar o governo de JK. Esse trecho da História do Brasil realmente dá pano para a manga", reconhece Otávio Muller, alisando os bigodes do Coronel.
Pouco depois, na marcação de luz da cena, Nilton Canavezes, o assistente de produção da trama, assume a postura de um cão de guarda do estúdio e solta um grito: "Mais para a direita Sarney!", e Otávio muda apenas a cabeça de posição.
O apelido, em "homenagem" ao político maranhense, foi dado pelo diretor geral da trama, Dennis Carvalho, ao personagem de Otávio Muller por causa do seu denso bigode de coronel.
"Vamos, zamba, zamba! Ah, para a imprensa: Zamba é fora em uma língua africana. Uso para tirar as pessoas da frente das câmaras", profere Canavezes, sob os olhares de aprovação da diretora.
Pronto, esta é a deixa para que a cena já possa ser gravada. Depois da gravação, onde quase ninguém percebe um sutil gaguejo na fala de Leonardo, Caco Ciocler interrompe o silêncio: "A gente fez mal esta cena?", pergunta para Otávio Muller, que, por sua vez, retruca ainda com o sotaque nordestino carregado do Coronel Fialho: "Acho que não! Estou dentro da minha filosofia", revida.
O diálogo só é interrompido quando os atores decidem já começar a ensaiar a cena seguinte, também no mesmo cenário, que é o gabinete de Leonardo no Palácio Tiradentes.
Na discussão, José Maria Alkmim - vivido por Paulo Betti -, amigo de adolescência e Ministro da Fazenda de Juscelino, defende o governo e demonstra que faz de tudo para impedir que o desequilíbrio financeiro do governo comprometa seu plano de metas. "Este homem era realmente amigo do JK, de uma lealdade admirável", elogia Paulo.
Todas as cenas desta seqüência do gabinete são acompanhadas por duas câmaras e contam apenas com interrupções constantes do diretor de iluminação, José Alailton de Freitas.
"Me preocupo em pedir uma luz de contraste para fazer cenas maiores, pouco picotadas. Ou seja, é bem diferente daquelas cenas de novela, de um close para o outro. Aqui é tudo mais aberto, outro ritmo", compara a diretora Maria de Médicis, que para cada bateria de cenas gravadas, explica que se concentra em entender bem o momento político em que ela se passa, além das histórias paralelas de cada personagem envolvido.
"Cada personagem é como se fosse um partido político. Tem de se conhecer bem a história de cada um para enquadrá-lo no governo, que é o nosso roteiro", compara Maria.
Fonte:
TV Press
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/319291/visualizar/
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