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Economia
Sexta - 10 de Fevereiro de 2006 às 08:14

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O governo brasileiro anunciou nesta quinta-feira que ampliou o embargo às compras de carne fresca e animais de toda a Argentina, devido à confirmação de um foco de febre aftosa no país.

Estão liberadas as importações de carnes sem osso maturadas ou industrializadas provenientes de outras províncias que não a de Corrientes, onde o foco foi registrado.

Para esta província, o embargo é mais amplo, incluindo produtos industrializados.

O Ministério da Agricultura anunciou ainda um reforço na fiscalização na fronteira com a Argentina, para impedir a entrada dos produtos embargados. O governo vai utilizar até satélites para intensificar o monitoramento.

"Com o surgimento do foco de febre aftosa na província argentina de Corrientes, vamos dar prioridade à instalação de um sistema para monitorar a área fronteiriça Brasil-Argentina, que vai do Rio Grande do Sul ao Paraná, passando por Santa Catarina", disse o secretário de Defesa Agropecuária do ministério, Gabriel Maciel, em entrevista a jornalistas.

Esse mecanismo deverá entrar em funcionamento em um prazo de três meses, de acordo com o secretário.

Mas, segundo ele, já em março começará a funcionar o monitoramento por satélite da região fronteiriça do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Acre e Rondônia com o Paraguai e a Bolívia.

Maciel reafirmou que o ministério pediu às superintendências federais de Agricultura dos três Estados do Sul e aos governos estaduais que reforcem a fiscalização nas barreiras localizadas nos municípios da fronteira.

Embargo ampliado

Na noite de quarta-feira, dia em que o governo argentino comunicou o registro da aftosa, o Brasil já havia anunciado a suspensão da importação de carne bovina da província argentina, como medida imediata.

O embargo ampliado nesta quinta-feira vale para produtos e animais suscetíveis, como suínos, bubalinos, caprinos e ovinos, cujo casco é rachado.

Em 2005, o Brasil importou cerca de US$ 30 milhões de carne bovina da Argentina, segundo a Abiec, entidade brasileira que reúne os exportadores.

Na balança comercial bilateral de todas as carnes, o Brasil tem superávit de US$ 5,63 milhões com a Argentina. O mercado brasileiro exportou US$ 41,37 milhões ao parceiro do Mercosul e importou US$ 35,74 milhões.

O Brasil é o maior exportador mundial de carne bovina em volumes, com vendas 2,3 milhões de toneladas (equivalente carcaça) em 2005, ou US$ 3,14 bilhões.

A Argentina, terceiro maior exportador mundial do produto, vendeu ao exterior US$ 1,39 bilhão em 2005.

O país vizinho, que havia registrado seu último caso da doença em 2003, anunciou a contaminação de 70 animais de San Luis del Palmar, distante cerca de 25 quilômetros da fronteira com o Paraguai e a cerca de 300 quilômetros do Brasil.

Segundo o diretor da Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio, Ricardo Cotta, inicialmente a aftosa na Argentina pode ter um impacto comercial positivo para o Brasil, já que muitos países que embargaram a carne brasileira após os focos em Mato Grosso do Sul e Paraná podem voltar a comprar do Brasil, por falta de outras opções.

"Momentaneamente é uma oportunidade de negócios para o Brasil, porém demonstra um problema continental," disse ele em uma entrevista coletiva em Brasília, salientando que o registro da doença na Argentina, sob um ponto de vista mais amplo, também não é positivo para os brasileiros, já que isso demonstra que o vírus está próximo da fronteira.

O ideal, acrescentou ele, seria a erradicação da doença em toda a região.





Fonte: Invertia

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