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Polícia Brasil
Quinta - 09 de Fevereiro de 2006 às 09:30

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Um grupo móvel de fiscalização envolvido no combate ao trabalho escravo e irregularidades trabalhistas foi alvo de um ataque a tiros, quarta-feira (08), Na fazenda Sankara, município de Nova Lacerda, leste do Estado do Mato Grosso. Os seis policiais federais que garantiam a segurança do grupo responderam ao fogo. A troca de tiros foi intensa e durou cerca de três minutos, mas ninguém se feriu. Do outro lado, não estavam capangas da fazenda, mas sim policiais militares da região.

O grupo móvel foi às fazendas Sankara e Anhangüera, pela manhã, para atender a uma denúncia. Ao chegar no local, prendeu o capataz da propriedade por porte ilegal de arma. Os donos da terra, Amauri Heitor de Mendonça e Onuar Heitor de Mendonça, após serem informados da ocorrência, teriam, segundo os policiais militares, se dirigido até o posto da PM e dito que sua fazenda estaria sendo alvo de um assalto com um refém.

Já era tarde e o grupo móvel de fiscalização estava na propriedade – de criação de gado – quando chegou o carro dos fazendeiros com os policiais militares. No local, à vista de todos, automóveis de cor branca, oficiais do governo, e policiais federais trajando coletes da instituição. "Nesse momento, os agentes da Polícia Federal se identificaram. Mas o outro lado começou a atirar", afirma Wallace Faria Pacheco, auditor fiscal do Trabalho e coordenador do grupo móvel.

"O tiroteio durou uns três minutos, mas foi intenso. Atiraram para matar", lembra o auditor fiscal do Trabalho Benedito de Lima e Silva. Havia 13 pessoas no grupo móvel – cinco auditores, um procurador do Ministério Público do Trabalho e um motorista, além dos agentes federais. Todos se abrigaram. Foi feita uma comunicação via rádio durante o tiroteio para tentar interrompê-lo. Segundo os fiscais, o fazendeiro, do outro lado do fogo cruzado, teria dito por rádio: "quem está falando é quem pode". E completou: "se é guerra que a polícia federal quer, é guerra que ela vai ter". Um dos fazendeiros participou do tiroteio com uma pistola particular.



A troca de tiros só foi suspensa porque um dos policiais federais, desarmado, levou o capataz da fazenda até onde estavam os policiais militares. Nesse momento, a situação foi normalizada e os policiais militares contaram a história de que haviam sido alertados de um suposto assalto pelos fazendeiros.

Os irmãos Mendonça foram presos e devem responder por comunicação falsa de crime e tentativa de homicídio. Neste momento, eles estão sendo levados para a Delegacia da Polícia Federal em Cáceres (MT), próximo da fronteira com a Bolívia, onde devem ficar presos.

O Coordenador Nacional de Combate a Exploração do Trabalho Escravo do Ministério Público do Trabalho (MPT), Luís Antônio Camargo, disse hoje que vai denunciar o ocorrido amanhã na reunião da Comissão Nacional para Erradicação do Trabalho Escravo (Conatrae) - onde estarão o Secretário Especial dos Direitos Humanos, ministro Paulo de Tarso Vannuchi, e o ministro do Trabalho, Luís Marinho. "´É um absurdo que situações como essa ainda aconteçam e não é a primeira vez que a equipe do Grupo Móvel sofre enfrentamento de polícias locais, mostrando que em determinadas regiões do país o poder público local não está a serviço da sociedade", afirmou Camargo.

"Essa situação exige resposta firme do Poder Público Federal para coibir o abuso e o desrespeito que foi demonstrado", concluiu.

A Procuradora Regional do Trabalho da 23ª Região, Dra. Eliney Bezerra Veloso, lamentou o incidente e condenou a atitude irresponsável dos proprietários da fazenda. Para a Procuradora do Trabalho "esse incidente comprova que ainda existe uma minoria de empregadores que insiste em desrespeitar os direitos dos trabalhadores e, para tanto, utiliza todos os artifícios para impedir e/ou dificultar ação do Poder Público. Felizmente, nesse caso, não tivemos uma nova tragédia, a exemplo do ocorrido no episódio de Unaí-MG, em janeiro de 2004, onde foram brutalmente assassinados três auditores fiscais e um motorista do Ministério do Trabalho e Emprego, que participavam de uma ação fiscalizadora."





Fonte: Da Assessoria

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