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Polícia Brasil
Quinta - 09 de Fevereiro de 2006 às 09:01

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A ex-escrevente Beatriz Árias, que hoje responde pela coordenadoria do Pavilhão de Costura do Presídio Ana Maria Couto May, em Cuiabá, narrou em detalhes a viagem que fez ao Paraguai, em companhia do juiz Leopoldino do Amaral e do tio Marcos Peralta, que dirigiu a camioneta S-10, de cor prata.

Ela conta que no município de Loreto o juiz os deixou já à noite e entrou numa outra camioneta, onde dois homens "que falavam em castelhano" aguardavam-no. Um deles estava, segundo ela, com uma Certidão de Nascimento nas mãos. Seria um documento que Beatriz supõe integrar uma "pasta verde" que o juiz tanto comentava. Diz que o juiz estava com R$ 1,2 mil no bolso.

Segundo Beatriz, Leopoldino ordenou que ela e Peralta deveriam deixar o local, uma estrada de terra de pouco movimento, sem alarde. O juiz presenteou-o com a camioneta, com a recomendação para ela não retornar ao Brasil.

Relata que um dos homens, de estatura baixa, chegou a apontar uma arma de grosso calibre em direção a sua cabeça, enquanto o outro fez ameaças de morte. "Vão embora ou querem morrer", teriam dito um dos ocupantes da camioneta para Beatriz e Peralta. A partir daí, a ex-escrevente comenta que nunca mais viu o juiz Leopoldino. Garante que na despedida não ouviu "um único tiro, nem presenciou conversa ríspida entre os homens e Leopoldino e muito menos gemido". "Foi muito silencioso e estranho. Percebi que era armação feita pelo juiz, uma farsa para fugir", declarou Beatriz.

O juiz Sakamoto também questionou Beatriz por esta ter afirmado nos autos que ouviu tiros no momento em que estava com o juiz e agora, cinco anos depois, apresenta uma nova versão. A ex-escrevente tentou se explicar, atribuindo culpabilidade e acusação ao delegado federal José Pinto de Luna, que presidiu o inquérito policial sobre o assassinato do magistrado. "Naquela oportunidade, o doutor Luna foi quem colocou indevidamente nos autos sobre esses fatos. Ele pediu para eu assinar (o termo de depoimento), caso contrário, o meu irmão Joanildo, que estava preso na Polícia Federal, iria ser encaminhado no mesmo dia ao presídio Carumbé e ali seria morto em virtude de ser agente carcerário".

O juiz também perguntou porque aceitou ser condenada, já que jura inocência, sem fazer estardalhaço. Beatriz, em resposta, alegou o seguinte, sem especificar nomes: "Queriam as autoridades judiciais que eu denunciasse o que eu não sabia. E, por eu não ter dinheiro para pagar advogado, preferi calar-me para não ser mais prejudicada, embora recorri (da condenação) a Brasília e o resultado foi desfavorável". (RD)





Fonte: Gazeta Digital

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