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Internacional
Terça - 07 de Fevereiro de 2006 às 16:48

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Aproximadamente 150 bandeiras pretas e uma vigília silenciosa tingiram de luto hoje o Malecón de Havana, a avenida beira-mar mais emblemática de Cuba, numa iniciativa para homenagear as vítimas do terrorismo e denunciar a política dos Estados Unidos contra a ilha.

Segundo os organizadores do ato, milhares de pessoas terão participado no fim do dia da "vigília da dignidade", como foi batizada por meios de comunicação oficiais a manifestação, iniciada ontem à noite em memória aos mortos em atentados terroristas.

Desta vez, o Governo de Cuba escolheu uma mobilização muito diferente das que freqüentemente promove em protesto contra a política de Washington.

Sob as inúmeras bandeiras pretas inauguradas ontem pelo presidente do país, Fidel Castro, centenas de cubanos com pulseiras da mesma cor se revezam para manter erguidas, em frente à entrada principal da Seção de Interesses dos EUA em Havana, fotos de 138 vítimas do terrorismo.

As bandeiras, também 138 - o número de anos da luta contra o "império", segundo fontes cubanas - foram hasteadas ontem à noite em mastros gigantescos de diferentes alturas para obstaculizar a visão das mensagens políticas projetadas pelo escritório americano em telões eletrônicos.

De um lado do prédio, um enorme cartaz pendurado num edifício lembra a situação de cinco agentes cubanos considerados "heróis" na ilha e condenados nos EUA por espionagem.

Ontem, na mesma hora em que começou a cerimônia de homenagem às vítimas cubanas do terrorismo, a Seção de Interesses dos EUA deu início às suas projeções, com mensagens como "A única coisa que queremos provocar com nosso painel é o livre fluxo de idéias e vozes".

A Feira Internacional do Livro de Havana, aberta no último fim de semana, também foi alvo de comentários. "Se não deixam vocês lerem nosso painel, imaginem quantos livros estão de fora da feira", dizia uma das mensagens, seguida de uma breve lista de títulos que não foram colocados à venda no evento.

Em sinal de luto, os jornais oficiais "Granma" e "Juventud Rebelde" foram publicados hoje inteiramente em preto e branco. Já os apresentadores de TV que fazem a cobertura do protesto aparecem sempre com pulseiras pretas.

"Hoje é um dia de dor e luto para todos os cubanos, um dia para lembrar os mais de 3.000 cubanos que morreram em atos terroristas", disse um apresentador da TV cubana, que transmitiu testemunhos de familiares das vítimas, reportagens sobre a "guerra suja" dos EUA contra Cuba e gravações da caixa-preta do avião da Cubana de Aviación que explodiu em 1976 com 73 passageiros a bordo.

Cuba responsabiliza por este atentado o dissidente cubano Luis Posada Carriles, um ex-agente da CIA (central de inteligência americana) de origem cubana naturalizado venezuelano que está detido nos EUA à espera de uma sentença por sua entrada ilegal no país.

"O escalonamento dos mastros com as bandeiras dá uma imagem de todo o luto causado pelo terrorismo dos Estados Unidos e pelo bloqueio ao nosso país", explicou o filho de uma vítima.

A vigília terminará com uma "cantata aos mártires" em "frente à pérfida e ingerente Seção de Interesses dos Estados Unidos, posto de comando da contra-revolução", anunciaram os meios de comunicação.

Cuba acusa a representação diplomática americana de financiar a dissidência, intrometer-se nos assuntos internos e tentar provocar uma ruptura nas já reduzidas relações entre as duas nações.





Fonte: EFE

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