Oficial teria avisado traficante brasileiro sobre operação

As Forças Armadas do Paraguai abriram inquérito contra o chefe de um destacamento de fronteira, que teria avisado sobre uma operação antidrogas a um dos traficantes brasileiros mais procurados no Paraguai, disseram hoje fontes oficiais.

O porta-voz das Forças Armadas, coronel Elio Flores, informou que o tenente-coronel José Félix Cáceres, que até semana passada era o comandante do destacamento na cidade fronteiriça de Pedro Juan Caballero, permanecerá preso até que se investigue a denúncia publicada hoje pelo jornal "La Nación".

O jornal paraguaio afirma que Cáceres alertou a Erineu Domingo Soligo, conhecido como "Pingo", sobre uma operação de agentes da Secretaria Antidrogas Paraguaia (Senad), que aconteceu no final do ano passado.

De acordo com o porta-voz, a Polícia Federal brasileira interceptou uma conversa telefônica do chefe militar a "Pingo", traficante foragido da Justiça e que é considerado pela Senad um dos principais criminosos do tráfico de drogas.

"Pingo" supostamente opera e se esconde no departamento (estado) de Amambay - cuja capital é Pedro Juan Caballero -, que faz fronteira com o Mato Grosso do Sul.

O coronel Flores disse que Cáceres havia sido levado na semana passada do Comando de Pedro Juan Caballero, 540 quilômetros ao nordeste de Assunção, e ficará na prisão militar de Viñas Cué, nos arredores da capital paraguaia.

No entanto, o porta-voz militar afirmou que a retirada do chefe militar foi devido "a um reajuste administrativo", e não pelas denúncias do jornal.

Flores acrescentou que o oficial será "investigado para apurar seu envolvimento no caso" revelado pela denúncia do jornal.

O "La Nación" afirma que a transferência de Cáceres para Assunção aconteceu após a divulgação do conteúdo da conversa gravada pela Polícia Federal brasileira.

O jornal também destaca que o tenente-coronel não foi convidado para o ato de lançamento da pedra fundamental da futura sede da Senad em Pedro Juan Caballero, onde estiveram presentes representantes da Agência Antidrogas dos EUA (DEA).

O chefe de operações da Senad, Luis Alberto Rojas, se mostrou surpreso com a denúncia do jornal, e afirmou que há anos existiam informações de que "Pingo" se movimentava pela região fronteiriça do departamento de Amambay.

O jornal afirma que a Polícia Federal brasileira utiliza alta tecnologia para tentar controlar as ligações telefônicas dos supostos traficantes que operam nas regiões fronteiriças entre Brasil e Paraguai.

A fotografia de "Pingo", publicada pela Senad e pela Promotoria, aparece nos principais jornais do país, junto com as fotos dos cinco traficantes brasileiros mais procurados na América do Sul, entre eles Iván Mesquita, extraditado no final de 2005 para os Estados Unidos por tráfico de cocaína.