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Esportes
Segunda - 06 de Fevereiro de 2006 às 09:08

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São Paulo - “Uma montanha russa no escuro.” É assim que Claudinei Quirino, medalha prata no revezamento 4x100 metros na Olimpíada de Sydney/2000, define a sensação de competir no bobsled – trenó com quatro competidores que desce um circuito na neve em alta velocidade. Ele é reserva da equipe brasileira nos Jogos Olímpicos de Inverno de Turim, na Itália, que começam na sexta-feira e vão até dia 26, com transmissão da SporTV.

O Brasil será representado por 10 atletas em quatro modalidades: esqui cross country, esqui alpino, snowboard e bobsled. E Claudinei, aos 34 anos - deixou as pistas de atletismo em 2005 -, está feliz em ter em seu currículo uma terceira Olimpíada: foi a Atlanta/1996, Sydney/2000 e agora participa da versão inverno.

“Estou ansioso como se fosse a minha primeira. A sensação é igual, dá um frio na barriga...”, revelou Claudinei. Antes dele, só Matheus Inocêncio havia participado das duas versões da Olimpíada, ao integrar a equipe de bobsled em Salt Lake City/2002 e participar da equipe do 4x100 metros em Sydney/2000.

Das mulheres, Jaqueline Mourão, ciclista especialista em mountain bike, será a primeira a participar nas duas versões dos Jogos - ela competirá no esqui cross country em Turim e esteve em Atenas/2004. Claudinei apaixonou-se pelo esporte de inverno após receber um convite da Confederação Brasileira de Desportos no Gelo, em novembro, para treinar com a equipe brasileira em Salt Lake City, nos Estados Unidos.

Sua experiência na neve, antes do convite, tinha sido apenas superficial, quando competia mundo afora pelo atletismo. “Aquilo não tinha nada a ver comigo, não dava bola para a neve”, contou Claudinei, ao citar dois países em que esteve só como espectador nas estações de esqui: Chile e Finlândia.

O atleta de Presidente Prudente – cidade a 558 quilômetros de São Paulo – está acostumado a temperaturas altíssimas na cidade e sua primeira tarefa foi se adapatar à neve. “No começo foi difícil.... passei muito frio, pensei que não fosse suportar. Estou acostumado com Prudente, onde saio do banho já suado, de tão quente que é a cidade.”

Passado o “trauma” do frio, Claudinei teve de superar o medo de altura para encarar as montanhas geladas. Em sua primeira descida, o bobsled tombou e ele se machucou “um pouco”. Pensou em desistir, mas foi incentivado pelos companheiros Edson Bindilatti, Márcio Silva e Ricardo Raschini.

De volta ao Brasil, Claudinei não tinha esperança de ser chamado para a equipe, que foi definida no mês passado, em Konigssee, Alemanha. Mas foi surpreendido por um telefonema do presidente da CBDN, Eric Leme Maleson, com a notícia de que o reserva Samuel Bento tinha sido vetado nos exames médicos. “Ele perguntou se eu estava preparado para competir. Topei na hora. Só de estar lá como reserva já estou feliz.”

Sua preparação foi improvisada. Treinou com a ajuda de um amigo, que sentava em uma moto em “ponto morto” e era empurrado por Claudinei Quirino para simular a posição de “pusher” (empurrador) no trenó. Além disso, usou a base do atletismo, fazendo treinos de força, como tiros, fortalecimento das pernas com saltos sobre obstáculos e musculação. “O povo aqui (Prudente) me chama de louco. Ninguém botou fé que eu poderia chegar a Olimpíada de Inverno”, diverte-se.





Fonte: Agência Estado

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