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Nacional
Domingo - 05 de Fevereiro de 2006 às 03:46

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O Ministério Público e a Polícia Federal investigam a suposta participação de quatro empresas nos Estados de São Paulo, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul em um esquema de corrupção do governo de Saddam Hussein, no Iraque, durante programa de ajuda humanitária ao país, entre 1996 e 2003, informa a edição deste domingo do jornal O Globo. O grupo político MR-8, um diplomata e dois empresários também foram citados.

A investigação teve início na semana passada após a denúncia da unidade brasileira da organização não-governamental Transparência Internacional. Os resultados de um inquérito da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre negócios suspeitos do programa serviram como base para a denúncia, diz o jornal.

Provas de pagamentos ilícitos foram reunidas durante dois anos por uma comissão de investigação comandada pelo ex-presidente do Banco Central dos Estados Unidos Paul Volcker. Os documentos somam um total de comissões de US$ 1,8 bilhão em petróleo e US$ 1,5 bilhão em máquinas e equipamentos, pagas por 2,2 mil empresas ao governo iraquiano.

O inquérito foi encerrado no último mês de outubro e entregue aos países que integram a ONU. O Itamaraty recebeu os documentos, mas não tomou providências, informa o O Globo.

Os envolvidos As empresas brasileiras que teriam feito pagamentos ilícitos para vender máquinas agrícolas, veículos, pneus e motores ao Iraque citadas nos documentos obtidos pela ONU, em bancos da Europa e dos EUA são: Weg S.A., Randon Implementos, Valtra S.A. e Motocana S.A.

A ONU teria comprovado pagamento de US$ 432,4 mil em propinas a representantes do governo iraquiano em cinco contratos. O valor estaria "sob o disfarce de taxas de serviços pós-venda e de transporte terrestre", diz o jornal carioca.

De acordo com os documentos, Saddam Hussein teria ainda "presenteado" o Movimento Revolucionário 8 de outubro (MR-8) ¿ grupo ligado ao PMDB de São Paulo - com comissões de até US$ 0,30 por barril de petróleo sobre a venda de mais de 6,5 milhões de barris contrabandeados.

A procuradora da República Sônia Niche, em Caxias do Sul (RS), solicitou ao delegado federal Noerci da Silva Melo a notificação da Randon sobre a abertura de um inquérito.

Os supostos pagamentos ilegais feitos pela Randon, segundo a ONU, foram registrados no Ministério das Finanças do Iraque e são "totalmente confirmados por informação bancária". A reportagem do jornal carioca diz que a empresa não se manisfestou sobre o caso.

A empresa Valtra do Brasil, de Mogi das Cruzes (SP), se declarou "surpreendida" e disse que as operações com o Iraque ocorreram "dentro da mais perfeita legalidade".

Já a Weg declarou que os negócios foram feitos por meio de "Agente Comercial Independente", e que não foram encontradas irregularidades na conduta desse agente.

Em Piracicaba, no interior de São Paulo, a procuradora Adriana Marins iniciou investigação contra a Motocana, que vendeu carregadeiras de cana ao Iraque. Segundo a ONU, a empresa pagou US$ 29.786 em propinas, como "taxas".




Fonte: Terra

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