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Economia
Sábado - 04 de Fevereiro de 2006 às 20:35

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O anúncio do presidente egípcio, Hosni Mubarak, de que haverá "ajuda econômica urgente" para os parentes das vítimas do acidente do Salam 98 não conteve a impaciência e o desespero deles devido à falta de notícias sobre os 900 desaparecidos do naufrágio.

Vários sobreviventes, junto com especialistas marítimos, começaram a responsabilizar o capitão do navio pelo naufrágio do Salam 98 em águas do Mar Vermelho entre o porto saudita de Duba e o egípcio de Rafaga.

Mubarak, que hoje visitou pela primeira vez os sobreviventes, ordenou o envio de "ajuda financeira urgente aos sobreviventes e aos parentes de mortos e desaparecidos".

O presidente prometeu que serão entregues 30 mil libras egípcias (US$ 5.200) aos parentes dos mortos e desaparecidos, e a metade desse valor aos sobreviventes.

Essa quantia pode representar uma verdadeira fortuna para os parentes das vítimas, de origem muito modesta e entre os quais, por exemplo, há um professor que recebe cerca de US$ 50 mensais.

Um sobrevivente, contatado pela EFE, explicou que parte da embarcação pegou fogo "umas duas horas após sair, por isso fizeram todos subirem à parte superior do navio".

Uma vez ali, e vendo que as chamas não eram controladas, "fizeram todos irem para um lado e disseram que era para tentar equilibrar o navio".

"Ele nos obrigou a tirar os coletes salva-vidas que tínhamos colocado quando vimos o fogo", disse à televisão outro sobrevivente, referindo-se ao capitão do navio. "O capitão nos disse que não nos preocupássemos quando lhe perguntamos em relação ao fogo", acrescentou.

O capitão do navio ainda está desaparecido, segundo a companhia proprietária do Salam 98, mas algumas testemunhas asseguram que o viram em um bote salva-vidas. "Ele nos abandonou no navio quando o fogo ainda estava forte", protestou um dos sobreviventes.

Após as reclamações, vários analistas concordaram em destacar sua surpresa diante da decisão do capitão de não voltar à Arábia Saudita, já que o incêndio começou a duas horas de sua costa e a quase cinco horas da costa egípcia.

"A costa saudita era a mais próxima ao navio quando começou o incêndio. Ele devia ter seguido os conselhos dos passageiros e retornado a Duba em vez de tentar continuar sua viagem rumo ao Egito", disse Nouredin Farah.

Farah, entrevistado pela rede Al Jazira, disse que acha que o Salam 98 começou a afundar quando entrou água na embarcação, aparentemente por causa de um possível buraco na zona de carga, devido às chamas.

Por sua vez, Mohammed Nabil, analista marítimo egípcio, disse a uma rede de televisão do país que "o excesso de carga pode ter sido uma das principais razões do naufrágio".

Também ocorreram cenas de tensão entre os parentes dos desaparecidos, concentrados na entrada do porto de Safaga à espera de notícias.

Os familiares enfrentaram a Polícia, que protegia a entrada do porto e que utilizou cassetetes e gás lacrimogêneo para dispersar os presentes, descontentes com a ausência de informação durante horas.

Os serviços egípcios, segundo a agência oficial Mena, conseguiram resgatar 378 sobreviventes e 185 corpos de passageiros. Além disso, as equipes de resgate saudita salvaram 22 pessoas.

Caso estes dados sejam confirmados, quase 900 das 1.417 pessoas que viajavam no Salam 98 continuam, quase 48 horas depois do naufrágio, nas águas do Mar Vermelho.





Fonte: EFE

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