Maggi diz que produtor não conseguirá pagar as dívidas

Os produtores agrícolas brasileiros terão de reescalonar os pagamentos de suas dívidas este ano, pois a valorização do real reduziu a receita obtida com as exportações, ameaçando a safra do ano que vem, declarou nessa quinta-feira (02-02) o empresário Blairo Maggi, o maior produtor mundial de soja.

Os agricultores, que firmaram seus empréstimos quando o real valia mais de 2,8 por dólar, há dois anos, não estão obtendo receita suficiente com suas exportações para pagar suas dívidas e precisarão pedir auxílio financeiro aos bancos estatais brasileiros, disse Maggi. O produtor acrescentou que prevê que o real se manterá com cotação entre 2,20 e 2,40 reais por dólar em 2006.

Moeda valorizada

A valorização da moeda brasileira, a moeda de melhor desempenho em relação ao dólar norte-americano nos últimos 12 meses entre as 61 divisas monitoradas pela Bloomberg, reduziu a receita em moeda local dos agricultores que exportam sua produção, disse Maggi nessa quinta-feira em Brasília. Se não conseguirem maior prazo para quitar as dívidas que vencem este ano, os produtores não terão condições de custear o plantio da próxima safra, disse ele.

"Isso é um desastre total para o setor agrícola", disse Maggi, cujo Grupo Maggi possui 300 mil hectares de área plantada, extensão maior do que a do território de Luxemburgo. O Grupo Maggi é detentor da maior operação mundial de cultivo de soja. "Estamos buscando uma solução para continuar produzindo", acrescentou.

Maggi, que é governador do Estado do Mato Grosso, a principal região produtora de soja do Brasil, se reunirá nas próximas semanas com executivos do Banco do Brasil S.A (BB) e do BNDES para solicitar novas condições para as dívidas. Atualmente, os agricultores dispõem de apenas os recursos suficiente para cobrir os investimentos necessários para a safra do ano que vem, o que torna impossível o pagamento das dívidas que vencem este ano, disse Maggi.

Os produtores também estão sendo prejudicados pelo declínio dos preços da soja. Atualmente, os agricultores estão recebendo entre 25 e 40 por cento menos em dólar pela soja que comercializam do que obtiveram pela venda da safra colhida entre janeiro a abril de 2004.