Liga Espanhola quer suspensão de dívida financeira

A Liga de Futebol Profissional Espanhola (LFP) pedirá a formação de um "consórcio voluntário de credores" para garantir seu patrimônio depois que um Tribunal Mercantil lhe obrigou a saldar uma dívida de 25 milhões de euros com a Antena 3, uma canal privado de televisão.

Uma comissão da LFP decidiu recorrer a esse instrumento legal, que implica na suspensão do pagamento da dívida, para "garantir seu patrimônio e o de seus associados" (os clubes de futebol) diante da alta quantia que terá de pagar, informou a entidade em um comunicado divulgado à imprensa.

"O futebol não vai parar e a atividade comum da Liga vai continuar", assegurou o secretário-geral da LFP, Carlos del Campo, que explicará a medida na próxima assembléia-geral da entidade.

"Do ponto de vista prático não acontece nada. É uma situação prevista numa lei, que existe há 17 anos. Apresentamos a solicitação porque se está pondo em perigo os bens da entidade", disse del Campo.

Em breve, um juiz deste tribunal nomeará uma comissão de gestores que elaborará a relação de credores e devedores para o estabelecimento de um acordo que leve ao pagamento da dívida.

A origem deste problema com o canal de TV remonta a 1989, quando a LFP "concedeu os direitos de retransmissão dos jogos de futebol" à empresa Dorna, que, por sua vez, vendeu os direitos à FORTA (Associação de Televisões Públicas Regionais) e negociou a transmissão de uma partida com Sogecable (Canal Plus).

As redes privadas Antena 3 TV e Telecinco denunciaram esta venda no Tribunal de Defesa da Concorrência (TDC), que quatro anos depois condenou a Dorna, FORTA e Sogecable a pagar-lhes 150 milhões de pesetas (901.518 euros) pelos prejuízos sofridos pelas duas empresas.

A sentença foi ratificada pela Audiência Nacional (principal instância penal espanhola) e o Supremo Tribunal Espanhol. Antena 3 e Telecinco comunicaram à LFP em 2002 que os prejuízos de cada uma era de 30 milhões de euros e reivindicaram ressarcimento.

Mas, depois de três anos sem uma resposta da Liga, as duas cadeias apresentaram em janeiro de 2005 uma ação contra a entidade do futebol profissional espanhol para execução da sentença.

Na próxima segunda-feira, o presidente da LFP e também da Real Sociedad, José Luis Astiazarán, e outros dirigentes terão uma reunião com os diretores das redes de televisão para encontrar uma solução.