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“País do Carnaval”
Os pobres mortais brasileiros, despidos dos poderes estatais e longe das negociatas públicas, acreditam que o carnaval ocorre apenas uma vez no ano. Pura ingenuidade, as festividades de momo não podem parar, fazem parte da cultura-política nacional e os beneficiários agradecem.
O cidadão comum, único financiador das festas, está longe do acesso às benesses carnavalescas, fica a mercê das migalhas que os políticos precisam distribuir, com escopo de não perder a fonte.
Na era Collor, o Brasil ficou estarrecido com o bloco carnavalesco “falcatruas do Poder”, presidido pelo careca Paulo César Farias, apurações de um lado, negociatas do poder de outro e ao final, o presidente nacional fora do poder, o presidente do bloco carnavalesco assassinado e as portas da passarela abertas para um novo desfile.
Passado mais de dez anos, novo carnaval com velhos enredos e personagens, reaparece o bloco carnavalesco “falcatruas do Poder”, o careca presidindo o bloco carnavalesco do desfalque público, um presidente nacional regendo a bateria e o povo dançando as marchinhas da roubalheira.
Desfilado o bloco do desfalque público, a mesma indignação nacional, as mesmas promessas de moralização, as mesmas maracutaias, e infelizmente, o mesmo resultado, o cidadão brasileiro pagando a conta das festividades.
Os temas de samba enredo são a gosto da classe privilegiada, são comuns “caixa dois”, “mudanças de partidos políticos”, “dólares na cueca”, “malas com dinheiro”, “festas com ninfetas”, “doações de carros (importados)”, “Dólares de Cuba”, “Contas em paraísos fiscais” “valerioduto”.
A título de previsão mirabolante, o samba enredo que promete estourar neste ano é o “buracoduto”.
Enquanto os temas mais comuns são os mencionados acima, o povo fica torcendo por mudança das marchinhas carnavalescas, chega a sugerir algumas, tais como “cadeia para todos”, “inegibilidade”, “confisco de bens”, “mudança na legislação”, “moralização dos poderes públicos” e outras canções que são pura utopia nacional.
Em anos de campanhas políticas o desfile carnavalesco é mais concorrido, a saga de poder leva às negociações mais inescrupulosas, direita conversando com esquerda, esquerda namorando centro-direito, liberal jurando amor eterno a conservadores, enfim, a regra é única, manter o sonhado poder a qualquer custo.
A propósito, a versatilidade não fica apenas nas “conversas” do poder, são incríveis as variedades de financiamentos das festas de momo, agências de publicidades, sessões extraordinárias, empreiteiras e outras fontes de dinheiro longe do conhecimento deste pobre mortal.
Este ano a festa promete, a arrecadação financeira começou cedo, são mais de dez milhões de reais para as sessões extraordinárias do Congresso Nacional e ainda tem a operação emergencial tapa-buraco, fórmula original para angariar fundos.
Aliás, o samba enredo “operação emergencial tapa-buraco” é uma piada de mau gosto, solução paliativa para as agruras das estradas nacionais e ideal para o financiamento das eleições que se aproximam.
Com o devido perdão da classe carnavalesca, o cidadão mortal precisa de uma pequena tradução do samba enredo “operação emergencial tapa-buraco”, decreto de emergência, refrão da música, é apenas o passaporte para dispensa de licitação, caminho aberto para o financiamento do carnaval.
No fim das festas dantescas restam algumas migalhas para o povo. Calma!! O povo não é lembrado apenas para bancar os gastos, diverte-se com a reinauguração de velhas obras, oportunidade de emprego como cabo eleitoral, é servido com o assistencialismo político e ainda pode sambar com a classe privilegiada em pelo menos um carnaval por ano.
Confesso, apesar de meus princípios éticos e morais, gostaria de sentir o gosto de curtir o carnaval do poder público por apenas um ano inteiro.
Algum membro do bloco carnavalesco “falcatruas do Poder” poderia realizar o meu sonho???
Elizio Lemes de Figueiredo - Advogado Criminalista e Professor de Direito da Uned em Diamantino - MT
O cidadão comum, único financiador das festas, está longe do acesso às benesses carnavalescas, fica a mercê das migalhas que os políticos precisam distribuir, com escopo de não perder a fonte.
Na era Collor, o Brasil ficou estarrecido com o bloco carnavalesco “falcatruas do Poder”, presidido pelo careca Paulo César Farias, apurações de um lado, negociatas do poder de outro e ao final, o presidente nacional fora do poder, o presidente do bloco carnavalesco assassinado e as portas da passarela abertas para um novo desfile.
Passado mais de dez anos, novo carnaval com velhos enredos e personagens, reaparece o bloco carnavalesco “falcatruas do Poder”, o careca presidindo o bloco carnavalesco do desfalque público, um presidente nacional regendo a bateria e o povo dançando as marchinhas da roubalheira.
Desfilado o bloco do desfalque público, a mesma indignação nacional, as mesmas promessas de moralização, as mesmas maracutaias, e infelizmente, o mesmo resultado, o cidadão brasileiro pagando a conta das festividades.
Os temas de samba enredo são a gosto da classe privilegiada, são comuns “caixa dois”, “mudanças de partidos políticos”, “dólares na cueca”, “malas com dinheiro”, “festas com ninfetas”, “doações de carros (importados)”, “Dólares de Cuba”, “Contas em paraísos fiscais” “valerioduto”.
A título de previsão mirabolante, o samba enredo que promete estourar neste ano é o “buracoduto”.
Enquanto os temas mais comuns são os mencionados acima, o povo fica torcendo por mudança das marchinhas carnavalescas, chega a sugerir algumas, tais como “cadeia para todos”, “inegibilidade”, “confisco de bens”, “mudança na legislação”, “moralização dos poderes públicos” e outras canções que são pura utopia nacional.
Em anos de campanhas políticas o desfile carnavalesco é mais concorrido, a saga de poder leva às negociações mais inescrupulosas, direita conversando com esquerda, esquerda namorando centro-direito, liberal jurando amor eterno a conservadores, enfim, a regra é única, manter o sonhado poder a qualquer custo.
A propósito, a versatilidade não fica apenas nas “conversas” do poder, são incríveis as variedades de financiamentos das festas de momo, agências de publicidades, sessões extraordinárias, empreiteiras e outras fontes de dinheiro longe do conhecimento deste pobre mortal.
Este ano a festa promete, a arrecadação financeira começou cedo, são mais de dez milhões de reais para as sessões extraordinárias do Congresso Nacional e ainda tem a operação emergencial tapa-buraco, fórmula original para angariar fundos.
Aliás, o samba enredo “operação emergencial tapa-buraco” é uma piada de mau gosto, solução paliativa para as agruras das estradas nacionais e ideal para o financiamento das eleições que se aproximam.
Com o devido perdão da classe carnavalesca, o cidadão mortal precisa de uma pequena tradução do samba enredo “operação emergencial tapa-buraco”, decreto de emergência, refrão da música, é apenas o passaporte para dispensa de licitação, caminho aberto para o financiamento do carnaval.
No fim das festas dantescas restam algumas migalhas para o povo. Calma!! O povo não é lembrado apenas para bancar os gastos, diverte-se com a reinauguração de velhas obras, oportunidade de emprego como cabo eleitoral, é servido com o assistencialismo político e ainda pode sambar com a classe privilegiada em pelo menos um carnaval por ano.
Confesso, apesar de meus princípios éticos e morais, gostaria de sentir o gosto de curtir o carnaval do poder público por apenas um ano inteiro.
Algum membro do bloco carnavalesco “falcatruas do Poder” poderia realizar o meu sonho???
Elizio Lemes de Figueiredo - Advogado Criminalista e Professor de Direito da Uned em Diamantino - MT
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/321318/visualizar/
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