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Internacional
Quarta - 01 de Fevereiro de 2006 às 20:29

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A arrogante atitude que o presidente George W. Bush manteve durante anos cedeu lugar à dura realidade e a um tom mais cauteloso depois de anos de reveses e de uma queda em sua popularidade, comentaram os meios de comunicação dos Estados Unidos nesta quarta-feira.

No discurso anual perante o Congresso sobre o Estado da União na noite de terça-feira, o presidente se distanciou das posturas agressivas adotadas em anos recentes, disseram os comentaristas dos jornais.

O presidente "soou mais apagado que triunfante, mais realista que grandioso", escreveu o The Washington Post num editorial. O jornal afirmou: "Sua cautela não foi unicamente um contraste com seu estilo de capa e espada do passado, mas um resultado deste".

Os grandes cortes de impostos, um custoso sistema de saúde e a conflitiva e custosa ocupação do Iraque "reduziram as opções do presidente", considerou o jornal.

A maioria dos analistas e editoriais se concentraram no pedido de Bush para acabar com a dependência americana do petróleo do exterior, concordando com seu diagnóstico, mas questionando sua proposta de solução.

Referindo-se à promessa de Bush de substituir 75% das importações de petróleo do Oriente Médio até 2025, o The Washington Post disse que "a meta está muito distante, e não está claro o que ele fará na prática".

Segundo o jornal, promover a pesquisa de combustíveis alternativos não é suficiente. O presidente deveria, diz o Post, propor um imposto para os hidrocarbonetos para ajudar a criar um mercado energético mais competitivo. No entanto, alguns dos críticos de Bush tiveram uma agradável surpresa ao escutar o ex-empresário petrolífero texano defender a busca de fontes alternativas de energia.

"Para um presidente que vem do setor petrolífero e que tem muitos amigos e apoios nessa indústria, é preciso coragem para pôr essa iniciativa no topo de sua agenda", escreveu John Dickerson em seu site da Internet. Especialistas conservadores elogiaram Bush por pedir uma ampliação dos cortes de impostos e defender a política de seu governo sobre a "guerra contra o terrorismo", incluindo um polêmico programa de escutas telefônicas nos Estados Unidos.

A oposição democrata questiona a legalidade da espionagem, mas Bush "a desafiou", escreveu John Tabin no The American Spectator. Bush acabou se beneficiando da atitude dos democratas no Congresso, que não se manifestaram quando o presidente argumentou que a espionagem telefônica sem ordens judiciais era crucial para dissuadir os terroristas, escreveu Tabin.

"Os democratas não querem ser considerados inimigos da luta contra a Al-Qaeda. No entanto, ao não aplaudirem o discurso, mostraram-se contra a idéia de que devemos ter informação sobre as comunicações da Al-Qaeda", escreveu Tabin.

O analista acrescentou: "a força do discurso reside no fato de ter forçado os democratas a apresentarem os piores estereótipos de seu partido em primeiro plano".

Mas o jornal The Los Angeles Times criticou a defesa de Bush da escuta telefônica como "a parte mais cínica do discurso". Foi "orwelliano" dar um novo nome à espionagem telefônica e dos e-mails como um "programa de vigilância de terroristas", disse o jornal.



O The New York Times afirmou que os dois minutos e 15 segundos do discurso de Bush dedicados a pedir independência em energia apresentaram uma "grande" meta com uma abordagem medíocre, que ignora o aquecimento global e os recursos necessários para atacar o problema.

"Os temas apresentados à noite foram lamentavelmente insuficientes", escreveu o jornal num editorial.

"O futuro econômico do país e a segurança nacional dependerão de se os americanos vão conseguir controlar seu enorme apetite por combustíveis fósseis", explicou.

Bush teve de pedir aos americanos para limitarem seu conforto material em nome de um bem maior, acrescentou o Times. O The Wall Street Journal, um forte defensor da política econômica de Bush, elogiou seu pedido para que os empregados de pequenos negócios comprem seguros médicos, afirmando que isso poderia ajudar os republicanos nas legislativas de novembro.

"A reforma do seguro médico com base no mercado poderia representar um enorme benefício político para Bush e os republicanos", disse.





Fonte: AFP

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