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Internacional
Quarta - 01 de Fevereiro de 2006 às 08:55

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Um deputado do Hamas, Atef Eduan, eleito nas eleições legislativas palestinas de 25 de janeiro, disse hoje aos jornalistas que seu movimento exigirá o Ministério do Interior no próximo Governo palestino. O ministério, atualmente sob o comando do general Nasser Yusuf, é o que controla todos os órgãos de segurança da Autoridade Nacional Palestina (ANP), com cerca de 70 mil efetivos.

Eduan reagiu assim a declarações do presidente da ANP, Mahmoud Abbas, que afirmou ontem na Jordânia que tem intenção de transferir esse controle do Poder Executivo para a Presidência, em uma aparente tentativa de impedir que os fundamentalistas islâmicos assumam os aparelhos de segurança.

O número um da lista eleitoral do Hamas nas eleições da semana passada, Ismail Haniyeh, também afirmou hoje que ficará contra qualquer tentativa do presidente Abbas nesse sentido.

Haniyeh disse em entrevista exclusiva ao jornal israelense "Ha''aretz" que essa oposição não será violenta, mas canalizada através de "um diálogo e de um entendimento" com Abbas.

O Hamas, que participou pela primeira vez de eleições nacionais encorajado por Abbas, líder do movimento nacional Fatah - derrotado nas urnas -, se negou a desarmar sua milícia, as Brigadas de Ezzedin al Qasam, que, devido a um acordo com o presidente, respeitou no ano passado um "período de calma" com Israel.

"Não achamos que Abbas mudará de posição, a de que os órgãos palestinos de segurança devem depender do Governo, e diretamente do Ministério do Interior", disse Haniyeh.

Se a ANP quer que o Hamas - que liderará o próximo Governo palestino - combata o caos e a insegurança em que vive a população, "deve ficar à frente do Ministério do Interior", disse Eduan, deputado eleito no norte da Faixa de Gaza.

Os agentes dos corpos policiais da ANP são na maioria filiados do Fatah, e o pagamento de seus salários depende de fundos que Abbas obtém, principalmente, da União Européia (UE) e dos Estados Unidos.

Estes doadores suspenderão as transferências se o Hamas não cumprir suas condições, entre elas a de se desarmar.

As outras duas exigências para continuar com a ajuda, imprescindível para que a ANP possa pagar o salário de seus 130 mil funcionários, entre eles os do aparelho de segurança, são que o Hamas reconheça o Estado israelense e o programa internacional de paz do Quarteto de Madri, o Mapa do Caminho.

Segundo fontes da UE, o principal doador, os países-membros transferiram no ano passado US$ 600 milhões à ANP, sem contar as doações dos países de forma individual. A contribuição direta dos EUA à ANP foi de US$ 450 milhões, a que se somaram os US$ 650 milhões transferidos por Israel, que em virtude dos acordos de Oslo atua como seu agente de retenção de impostos.

Haniyeh reiterou em sua entrevista ao jornal "Ha''aretz" que, assim que o Hamas formar o Governo, que terá que apresentar a nova legislatura no fim de março, não haverá demissões entre os agentes do aparelho de segurança palestino.

"O que nos importa é como operam e funcionam os serviços de segurança, não quem são seus membros", acrescentou.

Por enquanto, o presidente Abbas, que deve se reunir hoje com o presidente egípcio, Hosni Mubarak, para analisar o resultado das eleições, ainda não convocou Haniyeh para formar o próximo Governo palestino.




Fonte: EFE

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