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Internacional
Sábado - 28 de Janeiro de 2006 às 08:26

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Vinte anos depois da explosão do ônibus espacial Challenger, em 28 de janeiro de 1986, a primeira grande catástrofe do programa de conquista espacial americano reiterada com a desintegração do Columbia, em 2003, a segurança e a pertinência dos antigos ônibus espaciais são mais questionadas do que nunca.

O 20º aniversário do acidente do Challenger será lembrado neste sábado com uma cerimônia no centro espacial Kennedy, na Flórida (sudeste dos EUA), na qual participarão parentes das vítimas e funcionários da Nasa (agência espacial americana).

Na ocasião, o drama foi acentuado pela presença de uma americana comum entre os sete tripulantes que morreram. Era a primeira professora a voar em um ônibus espacial. Abalado, o então presidente Ronald Reagan cancelou seu discurso anual sobre o estado da União, que devia pronunciar naquela noite no Congresso.

O acidente, transmitido ao vivo pelas redes de televisão e assistido pelas famílias dos astronautas de uma tribuna ao ar livre no centro espacial, ficou gravado na memória dos americanos, junto com outros grandes dramas que marcaram o país. O lançamento ocorreu às 11h38 do dia 28 de janeiro de 1986, uma terça-feira, sob um céu azul e temperatura quase polar. Tudo parecia normal nos primeiros momentos do vôo, o 25º de um ônibus espacial que operava desde abril de 1981.

O piloto, Michael Smith, afirmou: "Tudo bem, aqui vamos nós". Mas, aos 64 segundos, foi detectado fogo no depósito central. Nove segundos depois, a 14 mil metros de altitude, o Challenger explodiu. Os dois foguetes de apoio continuaram subindo durante alguns momentos, deixando dois rastros de fogo e fumaça, desenhando um imenso V em pleno ar. Após um momento de hesitação, o comentarista da Nasa declarou a perda de contato entre o centro de controle e o ônibus espacial. Quarenta segundos de silêncio se passaram até que ele confirmou, com voz grave, a explosão do Challenger.

A comissão de investigação presidencial concluiu que o acidente foi causado por uma união defeituosa em um dos dois foguetes de apoio. Dois anos depois, a Nasa revisou completamente a concepção do ônibus espacial e fez várias modificações.

Mas quinze anos depois, em 1º de fevereiro de 2003, a credibilidade da agência espacial foi novamente questionada, após a desintegração do ônibus Columbia, quando fazia sua reentrada na atmosfera terrestre. Os sete tripulantes a bordo morreram. Este acidente foi provocado por um pedaço do isolante térmico que se desprendeu do tanque externo pouco depois da decolagem, causando um buraco na manta térmica na ponta da asa esquerda da nave.

Apesar de uma dezena de modificações recomendadas pelos investigadores a um custo de um bilhão e meio de dólares, o ônibus espacial Discovery perdeu um grande pedaço de isolante durante o lançamento, no fim de julho de 2005, o primeiro de um ônibus espacial desde a explosão do Columbia. Para alívio de todos, o Discovery voltou com sucesso à Terra.

Desde então, a Nasa decidiu deixar em terra seus três ônibus espaciais pelo menos até maio de 2006, o que deu mais argumentos aos críticos deste programa espacial. Segundo eles, o ônibus espacial lançado após o fim do programa Apollo, que permitiu aos americanos chegar à Lua, manteve os Estados Unidos em baixa órbita terrestre há 30 anos, visto que foi sobretudo concebido para montar a Estação Espacial Internacional (ISS).

Além destas duas catástrofes, a Nasa reconhece que esteve perto de sofrer acidentes em uma dezena de vôos, sobretudo durante o lançamento. Com base nos limites e no custo do ônibus espacial, o presidente americano, George W. Bush, anunciou em 2005 que este tipo de aparelho será aposentado em 2010, quando a ISS estiver terminada, o que precisará de outras 17 missões. Seu sucessor, o veículo de exploração tripulado (CEV, na sigla em inglês), em parte derivado do ônibus espacial, tem previsto voar a partir de 2012 e levar novamente astronautas à Lua em 2018.





Fonte: AFP

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