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Internacional
Sexta - 27 de Janeiro de 2006 às 08:29

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O Governo israelense decidiu ignorar o próximo Governo islâmico da Autoridade Nacional Palestina (ANP) e iniciou uma campanha diplomática para convencer o Ocidente a seguir seus passos até que o Hamas desarme a sua milícia. Israel não dialogará nem tratará com o Governo do Hamas até que o movimento islâmico, vencedor das eleições legislativas de quarta-feira, deixe o caminho do terrorismo, segundo porta-vozes oficiais.

"Um Governo palestino dirigido ou do qual faça parte Hamas transformará a ANP em um Governo que apóia o terrorismo", disse o primeiro-ministro interino de Israel, Ehud Olmert, esta madrugada após a reunião de emergência realizada ontem à noite com os membros de seu gabinete para Assuntos de Segurança.

Recorrendo à terminologia empregada por Ariel Sharon para referir-se a Yasser Arafat, o primeiro-ministro israelense manifestou que "Hamas não é um parceiro para a paz" e que "Israel e o mundo ignorarão esse Governo, que será, portanto, irrelevante".

Ainda assim, Olmert defendeu uma postura prudente e sugeriu esperar pelos próximos passos da organização islâmica.

"Sugiro não deixar-nos arrastar pela corrente porque estamos no princípio do processo e Israel é um país forte e não há motivo para se alarmar", afirmou o premier interino.

Por enquanto, o boicote israelense se traduziu no congelamento da transferência mensal dos impostos e taxas de alfândegas à ANP, um dinheiro do qual vivem os cofres públicos palestinos e que lhes é de direito segundo os acordos de Oslo.

Além disso, em resposta à arrasadora vitória dos islâmicos, que obtiveram 76 das 132 cadeiras no Conselho Legislativo, Israel lançou uma campanha diplomática internacional para obter garantias de que nenhum Governo dialogará com Hamas até que este grupo se adapte aos valores de qualquer democracia.

A ministra israelense das Relações Exteriores, Tzipi Livni, deu início, na madrugada passada, a uma série de ligações telefônicas para colegas de todo o mundo com o objetivo de organizar uma posição comum e exigir do Hamas o desarmamento de seus homens e a eliminação de sua ideologia de destruir a Israel, que aparece em sua carta de fundação.

Fontes do Ministério das Relações Exteriores disseram que Livni explicou a seus colegas de outros Governos a postura de Israel segundo a decisão tomada pelo Governo.

A ministra falou, entre outros, com a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, o alto representante de Política e Segurança Comum da União Européia, Javier Solana, e seus colegas da Áustria e da Alemanha.

Da reunião do gabinete para Assuntos de Segurança participaram também altos comandantes dos serviços de inteligência, que disseram que não se espera um agravamento da violência a curto prazo.

"O Hamas manterá a trégua durante os próximos meses", considerou o ex-chefe do serviço secreto, o Shabak, Avi Dichter. "O Hamas deve decidir agora se fixa seu olhar no Irã ou nos interesses do povo palestino." O Governo de Olmert ficou nas últimas horas sob uma ofensiva da direita nacionalista, que o acusa de haver contribuído para propagar a ideologia do Hamas mediante a evacuação da Faixa de Gaza no ano passado.

O líder da oposição e do Likud, Benjamin Netanyahu, assegurou que "a política de passos unilaterais remunerou o terrorismo do Hamas".

Netanyahu considerou que "às portas de Israel se criou um Estado satélite do Irã à imagem e semelhança do regime Talibã, um ''Hamastã''".

Analistas locais não sabiam avaliar hoje o impacto que a vitória do Hamas pode ter nas eleições israelenses de 28 de março e que, segundo as pesquisas, serem vencidas por grande maioria pelo partido Kadima, recém-fundado por Sharon.

Os colunistas da imprensa local afirmam em seus artigos de hoje que serão as atividades do movimento islâmico que determinarão o grau de apoio dos cidadãos israelenses ao Kadima ou, se aumentarem os atentados terroristas, à direita nacionalista.

E se dividem entre os "otimistas", que prevêem um movimento islâmico institucionalizado afastado progressivamente de sua estratégia de atentados terroristas, e os "alarmistas", que vêem no horizonte um autêntico cataclismo.




Fonte: EFE

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