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Repórter News - reporternews.com.br
Internacional
Quinta - 26 de Janeiro de 2006 às 20:40

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O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, descartou a possibilidade de negociar com o vencedor das eleições legislativas palestinas, o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), se o grupo continuar com seu objetivo de "destruir" Israel e mantiver seu braço armado em atividade. "Deixei muito claro que os EUA não apóiam partidos políticos que querem destruir nosso aliado Israel", declarou.

"Para a paz, não é possível ser parceiro de um braço armado, de alguém que defende a destruição de um país", disse Bush em entrevista coletiva convocada de surpresa hoje na Casa Branca.

Bush respondeu com cautela às perguntas dos jornalistas sobre as incógnitas abertas no processo de paz com a vitória do grupo radical islâmico, incluído na lista de organizações terroristas pelos EUA e pela União Européia (UE).

É preciso esperar a formação do novo Governo palestino, um processo que os EUA acompanharão "com muita atenção", segundo o presidente americano, que não escondeu que gostaria que o até agora líder da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, fosse mantido no poder.

Tal possibilidade foi descartada depois de a Comissão Central de Eleições (CCE) ter confirmado hoje à tarde que o movimento islâmico conquistou 76 cadeiras das 132 do Parlamento palestino, enquanto o partido de Abbas, o movimento nacionalista Fatah, ficou com 43.

Bush não dá tudo por perdido porque, segundo ressaltou, "a paz nunca morre porque as pessoas a querem". Para ele, só o fato de que terem acontecido as eleições palestinas já é algo positivo, que revela o poder da democracia.

Os palestinos, disse, enviaram uma clara mensagem a seus líderes, "um pedido de atenção" em que dizem que "obviamente" não estão contentes com sua situação atual.

Embora esteja claro que o presidente não gosta do rumo tomado nas urnas pelos palestinos, Bush deixou entrever que os EUA farão o possível para manter vivo o processo de paz no Oriente Médio.

O que não aceitará, reiterou, é ter o Hamas como interlocutor caso o grupo não se afaste do caminho do terrorismo e não cancele a cláusula de sua carta fundacional que defende o fim de Israel.

"Se seu programa é a destruição de Israel, isso significa que não é um parceiro para a paz, e nós queremos a paz", insistiu.

Em sua carta ideológica, o Hamas, criado em 1987, afirma que o Estado israelense, fundado em maio de 1948, foi estabelecido em "terras sagradas do Islã".

Portanto, segundo declarou seu principal dirigente na Faixa de Gaza, Mahmoud A-Zahar, seu movimento "nunca reconhecerá nem negociará" com Israel, cuja existência é "ilegal".

Estes são os motivos pelos quais o Hamas rejeitou os acordos de Oslo, de 1993, entre a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) e Israel, para estabelecer negociações de paz entre os povos.

A trajetória e a vitória do Hamas nas primeiras eleições palestinas às quais o grupo se apresenta não mudarão a opinião que os EUA têm desta legenda política radical.

É o que tem garantido Bush e a secretária de Estado, Condoleezza Rice, que afirmou que "não se pode estar com um pé na política e outro no terrorismo".

"Aparentemente, os palestinos votaram pela mudança, mas achamos que mantêm suas aspirações de paz", acrescentou o presidente em um discurso via satélite no Fórum Econômico Mundial de Davos (Suíça).

Rice deve se reunir na próxima segunda-feira, em Londres, com responsáveis dos membros do chamado Quarteto de Madri (integrado por EUA, ONU, UE e Rússia) para avaliar os resultados das eleições palestinas e decidir como tratar o processo de paz no futuro.

Foi o Quarteto que elaborou o plano de paz do Mapa do Caminho, que estabelece as pautas para a formação de dois Estados, assunto reiterado por Bush hoje, que defendeu um estado de Israel seguro e viável e uma Palestina pacífica e democrática.




Fonte: EFE

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