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Internacional
Quinta - 26 de Janeiro de 2006 às 08:11

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O primeiro-ministro da Autoridade Palestina, Ahmed Qurei, anunciou sua renúncia e a de seu gabinete nesta quinta-feira dizendo que o grupo militante Hamas deve formar o novo governo palestino.

Há indicações de que o Hamas pode vencer as eleições desta quarta-feira, algo inesperado e não confirmado pelas pesquisas de boca-de-urna, que mostraram uma pequena vantagem do partido do governo, o Fatah.

Dirigentes do Hamas se declararam vitoriosos – os resultados oficiais são esperados ainda para esta quinta-feira.

O Hamas, apesar dos resultados da boca-de-urna, afirma que conquistou a maioria no Parlamento. "O Hamas ganhou mais de 70 cadeiras em Gaza e na Cisjordânia, o que lhe dá mais de 50 % dos votos", disse à agência de notícias Reuters Ismail Haniyeh, líder da lista eleitoral do Hamas.

Resultados

A Comissão Eleitoral não comentou a reivindicação de vitória do Hamas e disse que deverá divulgar os resultados nesta quinta-feira.

O correspondente da BBC em Ramallah James Reynolds diz que, seja qual for o resultado, é claro agora que o Fatah não é mais a única grande força política dentro da Palestina.

Tanto o Hamas como o Fatah disseram anteriormente que considerariam participar de um governo de coalizão.

Esta foi a primeira vez que o Hamas – responsável por dezenas de atentados contra Israel, mas popular por prestar assistência social aos palestinos – participou de uma eleição parlamentar.

O presidente da Autoridade Palestina e líder do Fatah, Mahmoud Abbas, disse que está disposto a retomar negociações de paz com Israel mesmo se o Hamas entrar no governo.

"Nós somos parceiros com os israelenses. Eles não têm o direito de escolher o seu parceiro, mas se eles estão buscando um parceiro palestino, esse parceiro existe", disse Abbas.

Mas, segundo informações da agência de notícias France Presse, o primeiro-ministro israelense em exercício, Ehud Olmert, disse que Israel não poderia permitir que o Hamas fizesse parte da Autoridade Palestina.

A participação dos militantes também é vista com preocupação por Estados Unidos e União Européia, que, como Israel, consideram o Hamas uma organização terrorista responsável pelas mortes de civis.

Nas suas primeiras declarações desde as eleições palestinas, o presidente americano, George W. Bush, também reiterou que Washington não lidaria com membros do Hamas, a não ser que o grupo renuncie à sua causa de destruir Israel.

"Um partido político, a fim de ser viável, é um que professa paz", disse Bush, em entrevista ao jornal Wall Street Journal.

Grande participação

Segundo o Comitê Eleitoral, 73% dos 1,5 milhão de eleitores registrados votaram nas primeiras eleições parlamentares palestinas em uma década. O índice foi de 70,6% na Cisjordânia e, em Gaza, 76,8%.

Observadores internacionais disseram que o pleito ocorreu de forma tranqüila e serve de exemplo para o mundo árabe.

As urnas foram fechadas às 19h locais (15h em Brasília), após 12 horas de votação.

Em Jerusalém, onde os palestinos votaram em agências do correio, o comitê eleitoral determinou uma extensão em duas horas no prazo de votação, já que ainda havia filas e temia-se alta abstenção na cidade.

O Hamas diz que deixou de lado a sua aversão ao Parlamento palestino para ter a chance de converter o seu apoio popular em uma força política formalmente constituída.

Correspondentes da BBC dizem que isso pode ser um sinal de que o grupo tenha se tornado mais pragmático, mas não que pretenda abandonar as suas armas.

Um dos principais líderes e candidatos do Hamas, Mahmoud Al-Zahar, disse ao depositar o voto na cidade de Gaza que o grupo não vai abandonar as armas agora que está entrando na política.

“O Hamas não vai se transformar em um partido político. O Hamas joga em todos os campos e vai continuar jogando no campo da resistência (armada a ocupação de Israel)”, disse Al Zahar.

O Hamas não reconhece Israel como Estado e já lançou centenas de ataques contra israelenses em Israel e nos territórios ocupados.




Fonte: BBC Brasil

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