Repórter News - reporternews.com.br
Internacional
Terça - 24 de Janeiro de 2006 às 23:20

    Imprimir


Mais de 1,3 milhão de palestinos podem ir às urnas amanhã para escolher os 132 deputados do Conselho Legislativo (Parlamento), em eleições que medirão, pela primeira vez, a força política do movimento islâmico Hamas. No total são 1.341.000 palestinos registrados no último censo eleitoral, encerrado em agosto de 2005.

A Comissão Central Eleitoral informou que os mais de mil colégios serão abertos às 7h horas (3h de Brasília) e fechados 12 horas depois, quando começará a apuração nos próprios locais de votação.

As primeiras pesquisas de boca-de-urna serão divulgadas logo depois do fechamento das urnas, mas os primeiros resultados oficiais só sairão na manhã seguinte.

Esta é a segunda vez que a população palestina elege seus deputados. A primeira foi em 1996, dois anos depois da criação da Autoridade Nacional Palestina (ANP).

Naquela ocasião, os palestinos elegeram Yasser Arafat presidente da ANP. Desta vez, o pleito não incluirá a escolha do presidente, pois esta foi feita nas eleições de janeiro do ano passado, uma vez que Arafat falecera em novembro de 2004.

Outra diferença é que, em 1996, os palestinos elegeram 88 deputados. Agora, o Parlamento foi ampliado e conta com 132 cadeiras. A metade delas é escolhida por sistema proporcional (listas nacionais) e a outra, por sistema majoritário (voto direto no candidato por distrito eleitoral).

Cerca de 300 candidatos que concorrem nas listas nacionais, enquanto 440 disputam o pleito nos distritos. Do total, 21 candidatos se encontram em prisões israelenses, entre os quais se destaca o líder da lista do Fatah, Marwan Barghouthi, apontado por analistas como peça-chave da política palestina.

Após a reforma na lei eleitoral aprovada em junho de 2005, o movimento Fatah agiu para garantir seu poder, diante do crescimento da popularidade dos grupos islâmicos radicais, sobretudo o Hamas, que disputa agora as primeiras eleições nacionais de sua história.

Antes da reforma eleitoral, o processo era regulamentado pelo sistema majoritário, baseado na fórmula clássica na qual o vencedor do distrito (são 11 na Cisjordânia e cinco na Faixa de Gaza) levava tudo.

Agora, com duas cédulas, nenhum voto é perdido, já que o sistema proporcional estabelece mecanismos de correção que permitem uma divisão mais representativa das cadeiras, ao destinar a metade delas à lista nacional.

Mesmo se o Hamas acabar não participando do próximo Governo da ANP, as pesquisas apontam que o movimento islâmico obterá um bom resultado nas urnas.

Recente pesquisa do Centro de Opinião Palestino indica uma votação de aproximadamente 29% para o Hamas. Mas o grupo também mostrou sua popularidade com grandes comícios em Gaza. O Fatah, de acordo com a mesma pesquisa, teria cerca de 39% dos votos.

Entretanto, a eleição do primeiro-ministro não depende da porcentagem de votos, mas do presidente da ANP, Mahmoud Abbas.

Abbas disse publicamente na semana passada que entregará o poder ao partido majoritário. No entanto, nos últimos dias parte da imprensa disse que os Estados Unidos e o Egito propuseram à ANP a eleição ex-ministro das Finanças Salam Fayyad.

Fayyad, que é ex-funcionário do Fundo Monetário Internacional (FMI) e assumiu a pasta de Finanças em 2002, à qual renunciou para disputar as eleições, é visto pelo Ocidente como um candidato idôneo para governar, devido à sua suposta transparência administrativa.

Em resposta às informações, a ANP rejeitou qualquer intromissão na formação do Governo escolhido nas eleições legislativas palestinas.

"Rejeitamos totalmente qualquer intervenção desse tipo na vida democrática palestina", afirmou o negociador-chefe da ANP, Saeb Erekat, em declarações à emissora "A voz da Palestina".

Erekat acrescentou que "a equação é muito simples: quem ganha as eleições tem o direito a formar o gabinete. Portanto, dizer que o Hamas formará ou não formará o Governo é uma intervenção inaceitável".

O negociador-chefe palestino se mostrou convencido de que a votação transcorrerá sem problemas, pois o povo e as forças de segurança palestinas se encarregarão de proteger e cuidar de todo o processo eleitoral.




Fonte: EFE

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/322819/visualizar/