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Internacional
Terça - 24 de Janeiro de 2006 às 11:18

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A presidente das Filipinas, Gloria Macapagal Arroyo, reuniu hoje o Conselho de Estado em uma tentativa de buscar uma saída para a crise que ameaça seu mandato e que tem como cenário de fundo a ameaça de um golpe de estado militar. O objetivo oficial da reunião, a reconciliação visando o bem comum, era inalcançável desde o momento em que a oposição se recusou a participar do Conselho.

Entre os ausentes estavam os ex-presidentes filipinos Corazon Aquino (1986-92) e Joseph Estrada (1998-2001) e o presidente do Senado, Franklin Drilon, um dos chefes do Partido Liberal.

O Conselho de Estado também deixou claro que se mantém o distanciamento entre Macapagal Arroyo e seu principal aliado político, o ex-presidente Fidel Ramos (1992-98).

"Gosto de acreditar que estamos unidos para fazer o que é bom para a nação (...) Nem todos coincidimos no caminho a seguir, mas acredito falar por cada um dos presentes ao dizer que a meta nos une, que as Filipinas continuem no caminho da reforma, do crescimento econômico, da luta contra a pobreza e que se some às nações industrializadas em uma década", disse Arroyo.

O espírito conciliador durou pouco, pois o orador seguinte, Ramos, assegurou que a melhor solução para o país é a renúncia de Macapagal Arroyo no próximo ano, três anos antes da conclusão de seu mandato único de seis anos.

A oposição política descartou toda solução que não seja a destituição de Macapagal Arroyo, a quem acusam de fraudar as eleições presidenciais de 2004.

Ramos criticou a idéia da governante de suspender as eleições previstas para 2007 para reunificar as duas câmaras legislativas em um Parlamento unicameral.

Essa proposta criaria um sistema parlamentar federalista com um Estado dirigido por um Governo com primeiro-ministro, que a própria Macapagal Arroyo se encarregaria de dirigir durante seus primeiros três anos de vida, até 2010.

O influente Ramos, pai desta reforma política que Macapagal Arroyo redesenha de sua maneira, saindo da idéia original, afirmou que a eliminação das eleições significará um "desastre nacional".

"A ausência de eleições colocará a nação na pior das categorias, a da falta de liberdade", assegurou o ex-presidente.

O vice-presidente filipino, Noli de Castro, afirmou que os verdadeiros dirigentes de uma nação devem estar dispostos a se sacrificar pelo bem geral.

"O filipino cresceu e amadureceu o suficiente para discernir quem entre seus líderes trabalha a favor de seus interesses egoístas e quem trabalha pelo bem da nação", assinalou De Castro.

Assessores da Presidência, ministros, altos funcionários, senadores, deputados, empresários: 75 pessoas participaram do Conselho de Estado e expressaram suas idéias.

A própria Macapagal Arroyo resumiu a sessão no discurso de encerramento ao identificar os três grandes temas de preocupação geral: a mudança do sistema político, a reforma eleitoral e o desenvolvimento social.

A governante agradeceu "o grande número de sugestões, recomendações e contribuições significativas" expressadas pelos participantes e que, no final, seguirão os trâmites pertinentes através dos departamentos correspondentes.

O golpe de estado que estaria sendo tramado por quatro oficiais que participaram da tentativa golpista de 27 de julho de 2003 não fez parte da agenda do Conselho de Estado.

O estado maior das Forças Armadas das Filipinas, com seu chefe à frente, o general Generoso Senga, confirmou ontem a existência da conspiração, e reiterou a lealdade do corpo militar ao Governo democraticamente constituído e à constituição.

O Executivo ofereceu US$ 2.000 por qualquer informação que leve à captura do capitão Nathaniel Rabonza e dos tenentes Lawrence San Juan, Patricio Bumidang e Sonny Sarmiento.

Vários partidos e grupos civis pediram na sexta-feira passada, quinto aniversário da revolta popular pacífica que desencadeou a substituição do presidente Joseph Estrada por Macapagal Arroyo, outra ação similar para destituir a atual governante.





Fonte: EFE

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