Etiópia expulsa do país correspondente da Associated Press

As autoridades da Etiópia decidiram expulsar o correspondente da agência de notícias americana Associated Press (AP), a quem deram 24 horas para abandonar o país. Anthony Mitchell, de nacionalidade britânica, foi convocado ontem pelo porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Solomon Abebe, que o informou que deveria abandonar a Etiópia até as 18h30 de hoje (13h30 de Brasília).

Segundo disse à EFE Chris Tomlinson, responsável da delegação da AP para a África do Leste, com base em Nairóbi, o motivo alegado para a expulsão foi que as autoridades estimam que as informações do correspondente "eram hostis em relação ao Governo".

Tomlinson tentou repetidamente ligar para as autoridades etíopes para discutir o assunto, mas não conseguiu.

Um comunicado oficial do gerente da AP em Nova York, Mike Silverman, diz que a agência está buscando um esclarecimento por parte do Ministério da Informação.

"Estamos ao lado de nosso repórter e esperamos que possa permanecer no país", acrescentou Silverman.

Mitchell trabalhava desde 2000 para a AP em Adis-Abeba, onde reside junto com sua mulher, funcionária de uma ONG internacional.

A comunidade internacional vem criticando o primeiro-ministro etíope, Meles Zenawi, por suas ações contra a oposição política e o cerceamento da liberdade de informação, especialmente por causa das eleições de 15 de maio passado, vencidas pelo partido de Zenawi.

O pleito ocorreu em meio a denúncias de fraude por parte da oposição, e a União Européia, que enviou uma missão de observadores eleitorais, pôs em dúvida a lisura das votações.

Vários protestos posteriores terminaram com mais de 80 mortos em enfrentamentos dos manifestantes com as forças da ordem.

Mais de cem pessoas, entre elas a cúpula da oposição, jornalistas locais, e trabalhadores humanitários, foram detidas e acusadas de traição pela Promotoria.

O Reino Unido anunciou na semana passada a suspensão da assistência direta que vinha prestando ao Governo de Zenawi, devido a sua preocupação com a situação dos direitos humanos e a detenção de dirigentes políticos da oposição.

O anúncio da expulsão do correspondente da agência americana ocorre paralelamente à visita da subsecretária americana de Estado para os Assuntos da África, Jendayi Frazier.