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Internacional
Domingo - 22 de Janeiro de 2006 às 13:25

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O músico colombiano César López criou a "escopetarra", um instrumento derivado da conversão de fuzis em violões e que, nas mãos de estrelas da música mundial, servem para tocar músicas contra o conflito de seu país. Uma das primeiras "escopetarras" foi parar nos shows do colombiano Juanes em 2003 e chamou a atenção do ex-Beatle Paul McCartney, que também trabalha na luta contra as minas terrestres, que no caso da Colômbia mataram 280 pessoas no ano passado.

"Esperamos entrar em contato na próxima semana com Paul McCartney para fazer um violão para ele, porque está muito ligado à luta contra as minas", disse o músico colombiano de 32 anos em entrevista à EFE.

Em 18 de janeiro passado, López recebeu das mãos do vice-presidente da Colômbia, Francisco Santos, dois fuzis "AK47" que pertenceram a paramilitares reinseridos e que se transformarão em "escopetarras" para a colombiana Shakira e a mexicana Julieta Venegas.

Outro instrumento foi para o roqueiro argentino Fito Paez e mais um foi entregue em dezembro passado ao Programa da ONU para o Desenvolvimento (Pnud), para que ser leiloado.

López fez experimentos há poucos anos com sons musicais produzidos sobre o corpo humano, através de pequenos golpes que registrava por meio de microfones muito sensíveis.

A conversão de armas em instrumentos é feita na oficina de Luis Alberto Paredes, que tem quarenta anos de experiência.

López explicou que "para fazer uma ''escopetarra'', o primeiro passo é que a arma não fique servindo para nada. O seguinte é tirar o que incomoda e depois montar cavilhas, cordas, e segue a coisa meio matemática".

"Eu vinha pensando na idéia da Orquestra Neutral, que é um batalhão artístico de reação imediata".

Essa força "toca em momentos de atos de terrorismo", como o atentado contra o clube "El Nogal", de Bogotá, que em fevereiro de 2003 deixou 37 mortos, mais de cem feridos e reduziu a escombros o edifício de 12 andares, que foi rapidamente reconstruído.

Nesse dia, López chegou ao local da tragédia e viu a seu lado um soldado carregando um fuzil sobre as ruínas.

"Foi uma coincidência muito particular, porque ele tinha a arma e em seus braços e eu o violão. Dali nasceu a idéia", disse.

A "escopetarra" é o símbolo dos 200 integrantes da Orquestra Neutral, e López espera que cheguem a 500, para apoiar com sua música a sociedade civil atingida pelos conflitos.

Foram feitas até agora cinco "escopetarras", e são planejadas outras doze, disse o artista ligado ao programa "Mais arte menos minas" da Vice-Presidência colombiana.

"A lista de artistas é longa, mas o plano não é tão gratuito. O artista que leva (a ''escopetarra'') tem certos compromissos com a Colômbia, como cantar nos shows e trabalhar contra o terrorismo", disse.

Entre os músicos que receberão "escopetarras" estão também os colombianos Andrea Echeverri, do "Aterciopelados"; Carlos Vives, Jorge Villamizar, do "Bacilos", e Andrés Cepeda, assim como o argentino Gustavo Ceratti.

López trabalha na preparação de um concerto sinfônico com obras clássicas, e também em um disco sobre a situação da mulher na Colômbia cantado por mulheres acompanhadas por um piano.

Além disso, em março próximo fará uma viagem a Paris, Berlim, Barcelona e Moscou para promover seu projeto de música de câmara com testemunhos sobre resistência civil.





Fonte: EFE

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