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Internacional
Sábado - 21 de Janeiro de 2006 às 23:38

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Um grupo de intelectuais venzuelanos dizem que se sentem "assombrados e consternados" diante de certas alusões anti-semitas acobertadas no discurso do presidente Hugo Chávez. A denúncia foi publicada neste sábado na imprensa da Venezuela.

"Estas perigosas tendências devem ser denunciadas e combatidas antes que se perca a condição humana em nossa sociedade. Antes que seja tarde", afirmou um comunicado publicado pelo jornal El Nacional.

Em seu de discurso de véspera de Natal, Chávez disse que "algumas minorias, descendentes dos mesmo que crucificaram Cristo, descendentes dos mesmo que expulsaram (a Simon) Bolívar daqui e também o crucificaram à sua maneira vêm se apoderando das riquezas do mundo, uma minoria se apoderou das riquezas de ouro do planeta".

Chávez não se referiu especificamente aos judeus, mas o Centro Simon Wiesenthal condenou energicamente suas declarações e exigiu uma "imediata retratação e desculpas públicas" em uma carta assinada pelo diretor de relações internacionais Shimon Samuels e Sergio Widder, um representante latino-americano baseado na Argentina.

O historiador Manuel Caballero, um dos organizadores do comunicado, assegurou que se sente preocupado com uma possível "radicalização" do governo de Chávez. Ele explicou que as palavras de Chávez são uma "alusão bastante clara" contra os judeus. Ele afirmou que esta é uma tendência manifestada inicialmente pelo seu ex-assessor Norberto Ceresole, que se definia como anti-semita. Chávez foi assessorado por Ceresole antes de chegar à presidência em 1998, mas se distanciou dele antes de sua morte.

A professora Maruja Tarre, da Universidade Simon Bolívar, uma das pessoas que assinou o comunicado, disse que as declarações de Chávez deviam ser analisadas pelo contexto de outras manifestações. "Existem comentários anti-semitas extremamente fortes de forma contínua no discurso de Chávez", afirmou.

O presidente do Congresso, Nicolás Maduro, classificou como "lixo" o comunicado durante um reunião comunitária transmitida pelo televisão oficial. Segundo ele, trata-se de uma campanha comandada pelos Estados Unidos e afirmou sentir-se "enojado" pelas declarações. "Se eles são capazes de publicar um comunicado como este, o que terão em seu coração", disse Maruro.

De acordo com o comunicado, escritores e artistas, professores e investigadores pensam que Chávez usou em suas palavras os velhos tópicos antisemitas, que crucificaram Cristo e acumularam riqueza. Caballero afirmou que a denúncia não havia sido publicada antes pois era preciso reunir dinheiro para pagar o anúncio de uma página ao El Nacional. O comunicado foi financiado pelas contribuições dos intelectuais que o assinaram e por doações anônimas.

O presidente venezuelano - que constantemente manifesta sua devoção por Cristo e sua antipatia por alguns líderes da Igreja Católica nacional; sua amizade pelo líder cubano Fidel Castro e sua inimizade pelo colega George W. Bush, presidente dos Estados Unidos - assegura que deseja ter boas relações com todos os grupos religiosos.




Fonte: Terra

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