Portugueses decidem voto para eleições presidenciais de amanhã

Os 8,9 milhões de eleitores portugueses avaliam hoje, no dia de reflexão, em quem votarão amanhã nas eleições presidenciais em que, segundo as últimas pesquisas, o candidato centrista Aníbal Cavaco Silva, de 66 anos, é o favorito à vitória, inclusive com uma possível maioria absoluta.

Apenas dois de seus rivais, o octogenário ex-presidente Mário Soares e o poeta socialista Manuel Alegre, de 69 anos, têm alguma esperança de forçar um segundo turno, isso caso consigam captar novos votos entre os eleitores indecisos.

Outros três candidatos, o comunista Jerónimo de Sousa, 58 anos, o radical Francisco Lousá, 49, e o advogado Antonio García Pereira, 54, terão de se conformar com o efeito midiático de suas campanhas, já que obterão juntos apenas 15% dos votos.

A campanha eleitoral de duas semanas terminou à meia-noite de ontem com os últimos chamados ao voto dos candidatos à Presidência.

Em Lisboa, Cavaco Silva assegurou que sente "uma onda de esperança" em todo o país e o desejo de "todos" para ajudar Portugal.

No Porto (norte), o ex-presidente Mário Soares, sem aparentes sinais de cansaço, apesar de sua idade e dos quase três meses de campanha e pré-campanha, disse que "cientificamente tudo está em aberto", porque "há 1 milhão de votos indecisos", e que "a abstenção favorece à direita e não à esquerda".

Manuel Alegre, poeta e deputado socialista, cuja candidatura foi repudiada por seu partido para apoiar Soares, elevou o tom das críticas a Cavaco e, no bairro de Chiado, em Lisboa, reivindicou a mobilização dos cidadãos "contra a direita".

Também no centro de Lisboa, o comunista Jerónimo de Sousa, operário metalúrgico, que tem remotas esperanças de passar dos 7% dos votos, declarou que "não há nada decidido", porque "é o povo que vota, e não as pesquisas".

Francisco Lousá, do radical Bloco de Esquerda, reconheceu em Lisboa que caso Cavaco Silva ganhe, como indicam as enquetes, será "uma derrota para toda a esquerda", embora tenha dito acreditar "numa grande surpresa".

As últimas quatro pesquisas eleitorais, que foram divulgadas ontem, anunciam uma vitória de Cavaco Silva com 52% ou 53% dos votos, o que descartaria a necessidade de um segundo turno.