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Internacional
Sexta - 20 de Janeiro de 2006 às 07:45

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O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Kofi Annan, pediu na quarta-feira ao Irã que desista de sua polêmica decisão de retomar a pesquisa com combustível nuclear e em seguida reinicie as negociações sobre suas ambições atômicas.

"Meu conselho aos iranianos é criar um ambiente que permita que as negociações avancem", disse Annan a jornalistas. "Eles não devem fazer uma escalada. Não devem levar adiante sua pesquisa com combustível nuclear".

Alemanha, França e Grã-Bretanha vinham negociando com o Irã, mas o processo parou neste mês, quando Teerã anunciou que iria romper os lacres da ONU nos seus equipamentos nucleares para retomar as pesquisas.

Os três países europeus querem agora que a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA, um órgão da ONU) submeta o caso ao Conselho de Segurança, que tem maior capacidade de pressão. Provavelmente isso só acontecerá a partir de fevereiro, por causa de objeções de China e Rússia, membros permanentes e com poder de veto no Conselho.

Não há poder de veto na AIEA, mas o apoio ou pelo menos a abstenção de chineses e russos é essencial para que a resolução seja aprovada. Os Estados Unidos querem que o caso do Irã vá imediatamente ao Conselho, mas Annan está mais hesitante. Na semana passada, ele conversou com autoridades iranianas e foi por isso sutilmente repreendido pelo embaixador dos EUA na ONU, John Bolton.

"Eu gostaria que as discussões prosseguissem e que os iranianos vissem a necessidade de voltar à mesa, mas voltar à mesa com espírito genuíno de busca por uma solução", afirmou o secretário-geral da ONU na quinta-feira.

Contudo, "caso todo o resto falhe", o Conselho de Segurança terá de lidar com o assunto, afirmou. "Quando digo caso todo o resto falhe quero dizer que, uma vez que tenhamos exaurido o processo (da AIEA), que ainda continua, isso pode acabar aqui (na ONU) e o Conselho terá de lidar com isso."

Ele disse que não voltou a conversar com autoridades iranianas desde o diálogo telefônico da semana passada com Ali Larijani, negociador-chefe do Irã junto à AIEA. Mas ele afirmou que o diretor da agência nuclear, Mohamed El Baradei, manteve contatos com iranianos.

Questionado na quarta-feira sobre o diálogo entre Annan e Larijani, Bolton disse que "o incidente felizmente ficou para trás". "Esta é uma decisão para que os governos membros do Conselho de Segurança tomarem. E é isso que estamos preparando."

O Irã garante que seu programa nuclear é voltado exclusivamente para a produção de eletricidade. Já os Estados Unidos acusam Teerã de tentar desenvolver armas nucleares. Se a questão chegar ao Conselho, os países ocidentais dificilmente terão apoio suficiente para impor sanções ao Irã ou um embargo ao seu petróleo.

Mas a mera menção em uma resolução do Conselho já seria um constrangimento para Teerã. O Conselho pode impor um embargo de armas, proibir viagens de indivíduos, pedir que os países reduzam as relações diplomáticas com o Irã ou sugerir à AIEA que realize inspeções minuciosas.

Diplomatas ocidentais disseram sob anonimato que deve haver uma abordagem passo-a-passo, com a pressão aumentando gradualmente. A primeira etapa seria um apelo ao Irã e um pedido para que El Baradei escreva um relatório.







Fonte: Reuters

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