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Internacional
Quarta - 18 de Janeiro de 2006 às 15:50

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A Índia advertiu hoje ao Paquistão que os atentados de grupos muçulmanos radicais contra interesses indianos na Caxemira e em outros locais podem prejudicar o processo de paz, e pediu ao país vizinho que "faça mais" contra o terrorismo. Os secretários de Exteriores do Paquistão e da Índia, Riaz Muhammad Khan e Shyam Saran, respectivamente, terminaram hoje, em Nova Délhi, uma reunião de dois dias que abriu a terceira rodada do diálogo de paz iniciado pelas duas nações em janeiro de 2004.

Embora as duas partes tenham chegado a um acordo no encontro que estabelece uma série de medidas para facilitar os contatos entre os caxemirianos - como a criação de uma segunda linha de ônibus entre os dois lados da fronteira -, ficou claro que suas relações continuam sendo marcadas pela desconfiança.

No fim da reunião, Saran não se mostrou muito receptivo quanto à proposta do Paquistão de desmilitarizar a Caxemira. De acordo com ele, isso só poderá acontecer quando o terrorismo desaparecer da região.

Além disso, Saran disse que, embora o Paquistão tenha tomado "algumas medidas" contra o terrorismo, "não são suficientes", sendo preciso "fazer mais".

Em um ato público não relacionado com o encontro dos secretários de Exteriores, o primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh, disse hoje que os terroristas planejam, financiam e executam seus ataques contra pessoas e interesses da Índia, "freqüentemente com a ajuda de estados que os financiam", em uma aparente referência ao Paquistão.

Nova Délhi acusa Islamabad de estar por trás dos grupos muçulmanos radicais que atuam na Caxemira em busca da independência ou da anexação da região ao Paquistão, que rejeita essas afirmações.

Vários grupos muçulmanos radicais realizam ataques contra interesses indianos na Caxemira desde 1986, nos quais mais de 40 mil pessoas já morreram.

O mais ativo é o paquistanês Lashkar-e-Toiba, responsável pelo atentado que deixou 60 mortos em dois mercados de Nova Délhi, no fim de outubro do ano passado.

No entanto, na reunião de hoje foi aprovada uma série de medidas em prol da confiança mútua para facilitar os contatos entre os caxemirianos de ambos os lados da fronteira.

Os dois países decidiram estabelecer um segundo serviço de ônibus entre as cidades de Poonch, na Índia, e Rawalkot, no Paquistão, que deve entrar em funcionamento a partir dos meses de março ou abril.

Além disso, foi aprovada a implementação de um serviço de caminhões para mercadorias autorizados na rota entre Muzzaffarabad (Paquistão) e Srinagar (Índia), sendo permitido o primeiro serviço de ônibus entre as duas cidades quando as infra-estruturas destruídas pelo terremoto do dia 8 de outubro forem restauradas.

Também foram estabelecidos dois pontos de encontro na Linha de Controle (LOC) que divide as regiões paquistanesa e indiana da Caxemira, explicou o responsável indiano ao final do encontro.

Desde que começou o Diálogo Global, no dia 6 de janeiro de 2004, a Índia e o Paquistão melhoraram suas relações, tradicionalmente tensas, o que facilitou a abertura de algumas linhas de transporte e permitiu que a fronteira caxemiriana fosse atravessada.

Apesar disso, as relações entre os dois Governos são inconstantes, embora vivam seu melhor momento atualmente.

Há poucos dias, Islamabad considerou como uma "interferência" em seus assuntos internos o fato de Nova Délhi ter pedido que os paquistaneses resolvessem a situação em sua província de Balochistão, onde houve muitos incidentes violentos entre a população tribal e as forças de segurança.

O Paquistão, que suspeita de um vínculo indiano em alguns atentados do Balochistão, também está irritado com a fria recepção que sua proposta de desmilitarizar a Caxemira teve na Índia.





Fonte: EFE

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