As forças de segurança centro-africanas mataram um jovem muçulmano aparentemente ligado aos rebeldes e um policial morreu durante confrontos nesta terça-feira em um bairro da capital, Bangui.
A coalizão rebelde Seleka ("Aliança" em sango, língua nacional), que pegou em armas em 10 de dezembro, assumiu o controle da maior parte do território centro-africano rapidamente e sem encontrar muita resistência, mas vem denunciando nos últimos dias as ações do poder contra familiares e simpatizantes dos rebeldes.
Seleka chegou a fazer um apelo às forças africanas de manutenção de paz para que realizem uma intervenção imediata na capital para impedir os assassinatos de prisioneiros. A rebelião é composta, em sua maioria, por habitantes do norte e, segundo especialistas, conta com muitos muçulmanos em suas fileiras.
No domingo, o presidente da República Centro-Africana, François Bozizé, prometeu um governo de união nacional depois do diálogo com os rebeldes da Seleka, em Libreville, e garantiu que não se candidatará de novo.
O presidente centro-africano vinha sendo muito criticado nos últimos meses pela oposição, que suspeitava que tivesse a intenção de modificar a Constituição para poder se candidatar a um terceiro mandato.
As negociações de Libreville, propostas pelos chefes de Estado da Comunidade Econômica de Estados da África Central (CEEAC), abordarão os diferentes acordos de paz concluídos entre 2007 e 2011 com as diversas rebeliões, como desejava a Seleka.
Durante todo seu avanço, a rebelião indicou que estava disposta a negociar. Seus líderes desmentiam as informações de que tentariam tomar a capital Bangui, mas continuavam conquistando novas cidades. Em duas semanas a rebelião se apoderou de cidades estratégicas como Bria (cidade rica em diamantes do centro), Bambari (cidade aurífera do centro-sul) e Kaga Bandoro (centro-norte), aproximando-se perigosamente de Bangui pelo norte e pelo leste.
Para chegar à capital, os rebeldes, posicionados em Sibut, a 160 km de Bangui, precisam apenas tomar o controle de Damara, onde estão reunidas as forças armadas centro-africanas e um contingente do Exército do Chade. Este avanço dos rebeldes criou um clima de angústia em Bangui, onde foi decretado um toque de recolher. Os moradores temem agressões e saques.
A República Centro-Africana, país pobre de cinco milhões de habitantes, iniciou em 2007 um processo de paz após anos de instabilidade, inúmeras rebeliões e motins militares que prejudicaram sua economia e impediram o país de tirar proveito dos recursos naturais.
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